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Federigo Tozzi

26 outubro, 2015 | Por Isabela Gaglianone

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A interessante e jovem editora Carambaia teve uma sagaz ideia: para montar seu planejamento de publicações, adicionou, a uma longa lista de autores e títulos selecionados pelos editores, as sugestões dos tradutores que contratou – pediu-lhes que indicassem textos que gostariam de traduzir, mas para o quê o mercado editorial nunca dera espaço. Foi assim que a editora chegou, através do tradutor Maurício Santana Dias, no italiano Federigo Tozzi (1883-1920) e lançou, há pouco, seu romance Memórias de um empregado.

O romance é escrito em forma de pequenas entradas de diário. Acompanha a história, um jovem de uma família operária que, pressionado pelo pai, parte de sua cidade natal, Pontedera, para trabalhar em uma estação ferroviária. Enquanto está longe, o protagonista mantém um diário e corresponde-se com a namorada, deixada na pequena cidade. O fato é autobiográfico.

Tozzi, que durante muito tempo foi um autor desconhecido, é hoje considerado um dos maiores escritores italianos, um dos mais importantes narradores do século passado, objeto de um crescente interesse, por parte da crítica literária. É comparado, por críticos, a Luigi Pirandello e Italo Svevo, apesar de que sua obra permanece, contudo, pouco conhecida pelo público leitor brasileiro. Mesmo na Itália, os livros de Tozzi só começaram a se popularizar nos anos sessenta, quando a crítica passou a atentar para o pioneirismo de sua ficção, dotada de um realismo psicológico cuja veia lírica é notável e profundamente instigante.

Sua prosa utiliza a forma tradicional do realismo apenas para exprimir uma visão particular da realidade e gira em torno da inadequação do indivíduo. Encontra-se, em seus textos, uma espécie de representação lírica do homem frente ao mundo e às coisas. O texto de Tozzi é também conhecido por ser inovador na forma. O romance tem pontuação, ritmo e estilo que marcam sua modernidade.

O romance mostra o solitário limbo de quem vive uma vida, em si, insignificante, como se vivesse “de olhos fechados” (alusão ao título de outro de seus romances e metáfora que atravessa sua obra, de maneira geral).

Memórias de um empregado foi publicado em 1920, ano da morte de Tozzi – morreu aos 37 anos, vítima da gripe espanhola.A edição brasileira, além da tradução do professor da USP, Maurício Santana Dias, conta com apresentação de Maria Betânia Amoroso.

 

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“Se certas pessoas soubessem dos traços indeléveis que deixaram em mim, ficariam espantadas. Quando penso que sou feito de tantas linhas correspondentes a outros tantos dias, me pergunto se quem existe sou eu ou as coisas que agora tenho diante dos olhos. E me pergunto o que significa viver”.

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MEMÓRIAS DE UM EMPREGADO

Autor: Federigo Tozzi
Editora: Carambaia
Preço: R$ 55,01 (144 págs.)

 

 

 

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