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A Cela Enorme

10 outubro, 2013 | Por Isabela Gaglianone

e. e. cummings – em minúsculas, como ele assinava – é conhecido como um dos poetas mais extravagantes da modernidade. Além de poeta, também pintor, ensaísta e dramaturgo, no Brasil teve suas poesias principalmente divulgadas e traduzidas, de maneira brilhante, por Augusto de Campos, que o considera um dos principais inovadores da linguagem da poesia e da literatura no século XX. Pouco se diz que, além de poemas, escreveu dois romances, autobiográficos, um dos quais, A cela enorme, foi publicado pela editora da Universidade Federal do Paraná, com tradução feita por Luci Collin, professora e escritora. O autor nasceu em 1894 e morreu em 1962, portanto vivenciou as duas grandes guerras. A cela enorme é justamente seu relato de prisão em um campo de concentração na França durante a Primeira Guerra Mundial. O jovem cummings descreve os personagens exóticos que conhece durante os meses de cativeiro, além de oficiais, os prisioneiros e tipos mundanos, dentre os quais trinta compartilhavam com ele a cela que dá título ao livro. Um amigo do escritor havia manifestado ideias contrárias à guerra e por isso fora detido e, como cummings defendeu o amigo, foi junto.

É um romance que reflete com profundidade o espírito do modernismo e no qual características da linguagem própria da poesia de vanguarda já aparecem. Esta, foi amplamente influenciada por cummings, que é conhecido pelo estilo inusual utilizado na maior parte de seus poemas, como o uso inesperado das letras maiúsculas e minúsculas e da pontuação, uma distribuição tipográfica não-linear, o desprezo pelas rimas e versificação explorando fonemas individuais para chegar ao “microritmo”. Sua poesia é altamente expressiva. Foi um poeta introdutor do modernismo e, no Brasil, influenciou a poesia concreta.

A editora da UFPR, graças ao o subsídio da universidade, pode disponibilizar no mercado livros que outras editoras não têm interesse em fazê-lo, como diz seu editor, Gilberto de Castro: “Não visamos ao lucro. Como a editora está atrelada à universidade pública, temos essa obrigação em servir o público. Acho que as editoras universitárias têm um papel fundamental na difusão da cultura e do conhecimento”.

Há uma poesia de e. e. cummings traduzida por Augusto de Campos no site da Revista Cult.

E, no blog do poeta Antonio Cicero, uma tradução feita por Nelson Ascher.

 

 

 

 

A CELA ENORME
Autor: e. e. cummings
Editora: UFPR
(252 págs.)

 

 

 

 

 

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