Tanto dentro de uma livraria física quanto navegando em uma loja virtual, um livro nos chama a atenção primeiramente por sua capa. Não é uma regra, mas geralmente é o que acontece. (Que me digam vocês, leitores.)
A capa de um livro é, provavelmente, na maioria dos casos, o primeiro contato que o leitor tem com a obra. E ele tanto pode se apaixonar à primeira vista quanto pode ficar com uma má impressão do livro. E a primeira impressão, já diz o ditado, é a que fica, embora nem sempre seja a verdadeira.
Não é à toa que as editoras brasileiras vêm, nos últimos anos, dando uma maior atenção à questão gráfica, ao “objeto livro”. Ainda mais se considerarmos as rápidas transformações no mercado editorial, com os livros eletrônicos ganhando mais espaço e o livro impresso sendo alçado à posição de “fetiche”.
Particularmente, sou uma espécie de aficcionado por capas de livros. Perdi a conta de quantas vezes fiquei tentado a comprar alguns títulos apenas por causa de suas belas capas. E de fato comprei (mas só quando o conteúdo da obra era também interessante).
Ultimamente, essa preocupação das editoras tem aumentado ainda mais. Considerando somente os últimos cinco anos, houve uma série de reedições de obras importantes com novos projetos gráficos. A editora Record, por exemplo, vem reeditando os livros de Fernando Sabino e José Lins do Rego – para enumerar apenas dois autores -, com novas capas e projetos gráficos. O mesmo vem fazendo a Companhia das Letras com as obras de Vinicius de Moraes e Otto Lara Resende. É preciso também mencionar o belíssimo trabalho que a Objetiva/Alfaguara vem fazendo com os livros de João Cabral de Melo Neto. Todos os livros do poeta pernambucano publicados até o momento têm lindas capas.
Quando se fala em livros bonitos não se pode deixar de citar a editora Cosac Naify, que tem em seu catálogo edições belíssimas de clássicos como “Moby Dick” (Herman Melville), “Os miseráveis” (Victor Hugo) e, mais recentemente, “Guerra e paz” (Liev Tolstói).
Esse maior zelo vem ocorrendo até mesmo com os livros de bolso. Afinal, tamanho não é documento, até mesmo no caso da beleza dos livros. Há edições de bolso com capas muito bonitas, haja vista os títulos editados pela L&PM e os publicados pelo selo Companhia de Bolso – neste caso, principalmente os livros da coleção Jornalismo Literário.
É bem verdade que beleza não é tudo. O que importa, claro, é o conteúdo. Até porque, da mesma forma que existem livros belíssimos de baixíssima qualidade literária, há também obras incríveis com capas ou projetos gráficos terríveis.
Mas, parafraseando Vinicius de Moraes, os livros feios que me perdoem: beleza é fundamental. Então, entre uma edição mais simples de um clássico – um Dostoiévski, por exemplo – e uma edição mais encorpada e mais bonita do mesmo livro, fico com esta última, ainda que ela seja mais dispendiosa.
P.S.: Não citei os responsáveis pelas capas e projetos mencionados no post, mas é preciso registrar alguns dos nomes mais importantes dessa área. Ei-los: Mariana Newlands, Victor Burton e o estúdio Retina78.