Este artigo é uma tradução livre de uma nota publicada no suplemento cultural Ñ do periódico argentino Clarín em 9 de outubro de 2010. Na época, o mercado editorial argentino estava em alvoroço por serem os convidado de honra e país homenageado na edição de 2010 da colossal Feira do Livro de Frankfurt. O autor do artigo é Marcelo Pissaro.
Feira do Livro Boliviana – Quão lonje dos stands de Frankfurt
“Terminou esta semana em Sucre, Bolívia, a II Feira Internacional do Livro. Houve pouca informação. Uma vintena de mesinhas no pátio da Casa Argandoña, dez ou quinze volumes por mesa. Alguns filmes, conferências para poucos, show de marionetes. Pouca coisa mais. O mercado editorial boliviano é peculiar. Em quase todas as cidades (e ao dizer “quase todas” são mais “todas” do que “quase”) os poucos livros a venda se encontram em lojas chamadas “livrarias”, onde os livros ocupam o segundo plano atrás de estantes com lápis, cadernos, apontadores, colas, atlas, tintas, mochilas, etc.: aquilo que aqui chamamos de artigos de livraria. Não se encontram muitas livrarias no sentido de “estabelecimentos que vendem livros”. Em Potosí, por exemplo, cidade mencionada por Cervantes no Quixote, apenas se vêem três pequenas lojas com volumes na maioria pirateados; há uma “Praça do Livro”, com placa de bronze e tudo”, porém não há lojas de livros e sim lanchonetes. Assim que a modesta feira de Sucre não destoou do clima editorial da nação vizinha. Um detalhe: algumas mesas tinham um só livro, talvez dois ou três, e então descubria-se que a foto do autor na contracapa correspondia ao rosto da pessoa que atendia no stand, ou seja, na mesa. Havia algum tipo de heroísmo neles.”