matraca

Um quadrilátero de 105 metros de comprimento por 68 de largura

20 junho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Gol de Leônidas na Copa de 1938.

Originalmente publicados entre as décadas de 1960 e 1990, os cinco textos que compõem Tempo (e espaço) no futebol homenageiam com verdadeira emoção os grandes nomes da era de ouro do esporte: Decio de Almeida Prado, crítico de teatro e professor de literatura formado na brilhante geração de Antonio Candido e Paulo Emílio Salles Gomes, foi também um grande torcedor e conhecedor de futebol.

No panteão dos seus deuses boleiros, Leônidas da Silva – o genial atacante do São Paulo e artilheiro da Copa de 1938 – possui uma posição especial. Foi o goleador por excelência da geração de jovens torcedores daqueles tempos heroicos do futebol brasileiro, que ainda não havia se firmado entre as maiores potências mundiais do gramado. Depois da tragédia do Maracanazo, em 1950, o autor relembra Didi, Gilmar, Garrincha e Pelé, que vieram para consagrar definitivamente, no imaginário mundial, nosso “futebol de poesia”, conforme célebre definição do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini (artigo clássico, publicado no Il Giorno, em janeiro de 1971, pode ser lido no site da editora Boitempo, com tradução de Maurício Santana Dias). No texto que dá título ao livro, o torcedor passional cede lugar ao crítico. Com seu conhecimento privilegiado do palco teatral, Almeida Prado decompõe o drama do futebol em suas categorias básicas: o tempo, o espaço e sua relação, a velocidade. O autor discute como os noventa minutos regulamentares e os 7 mil metros quadrados do campo, além dos 17 metros quadrados do gol, podem ser esticados e diminuídos à vontade pelos grandes craques, mestres da conjugação entre a agilidade física e a destreza mental.

Como analisou Hubert Alquéres, diretor-presidente da Imprensa Oficial, em artigo, o ensaio “Tempo (e espaço) no futebol” “é extraordinário, relembrando desde Leônidas, o homem-borracha, inventor do célebre gol de bicicleta, ocorrido no jogo São Paulo x Juventus, em 1947, a Friedenreich e seu último gol marcado no estádio do Pacaembu, “tudo simples, como nos velhos tempos”. Almeida Prado analisa “as dimensões do campo, o desafio e as regras do jogo, a missão da defesa e o papel do ataque, a evolução do esporte levando em conta a técnica e o preparo físico dos jogadores, a contribuição dos técnicos, a irradiação de uma partida,finalizando com comentários sobre Pelé, capaz de driblar e valer-se de sua inteligência, simultaneamente”.

Como bom crítico, Décio de Almeida Prado extrai, mesmo de um assunto frívolo, análises interessantíssimas.

É possível visualizar o ensaio “Tempo (e espaço) no futebol”, originalmente publicado na Revista da USP.

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“Começarei, pedantemente, já que vou abordar um assunto frívolo, a não ser para uns tantos fanáticos entre os quais me incluo, por definir quantitativamente meus dois termos”.

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TEMPO (E ESPAÇO) NO FUTEBOL

Autor: Decio de Almeida Prado
Editora: Companhia das Letras
Preço: R$ 4,99 – eBook

 

 

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