“Vivemos em sociedades politicamente democráticas e socialmente fascistas”.
O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos foi o Homenageado Internacional da III Bienal do Livro e da Leitura, em Brasília, que ocorreu entre 21 e 30 de outubro de 2016 – evento que teve programação cultural tão rica quanto mal divulgada e que por isso infelizmente passou incólume à maior parte da população brasiliense. O renomado sociólogo recebeu título de Cidadão Honorário de Brasília e, em sua estadia no distrito federal, com fôlego invejável, proferiu duas palestras na Bienal, uma na UnB e visitou uma escola ocupada, onde conversou com os secundaristas.
“Não questiono que haja um futuro para as esquerdas, mas seu futuro não vai ser uma continuação linear de seu passado”, diz em seu novo livro, A difícil democracia – Reinventar as esquerdas, que tem sua primeira publicação mundial no Brasil pela Boitempo Editorial.
Trata-se de uma profunda reflexão sobre a necessidade urgente da esquerda de reinventar-se. Reinvenção que perpassa uma reflexão sobre os impasses da experiência democrática – cujos sintomas vem sido sentidos atualmente de maneira mais aguda: um momento absolutamente crítico, dominado, como nunca, por uma única concepção de democracia, de tão baixa intensidade que facilmente se confunde com a antidemocracia, que tem como contrapartida o que o sociólogo chama de “fascismo social”. Continue lendo