Não tem nada de atual o problema da crítica literária em forma de resenhas: The Decline of Book Reviewing foi um artigo publicado no remoto ano de 1959. Foi ele que serviu de inspiração para a criação, quatro anos depois, da New York Review of Books. Se a célebre NYRB faz 50 anos mostrando um certo cansaço, ao pensar na crítica literária publicada nos jornais impressos brasileiros, percebe-se logo que chegamos ao fundo do poço. Outras iniciativas mais promissoras como a Dicta&Contradicta geram polêmica que se restringiram a um pequeno grupo de leitores; o Jornal Rascunho não desperta a atenção necessária com suas resenhas; a revista Serrote não dialoga com a realidade cultural e política brasileira, apesar da agradável leitura de seus ensaios traduzidos; o Jornal de Resenhas morreu.
A primeira edição de fevereiro de 1963 da New York Review of Books foi publicada durante a greve dos gráficos que havia fechado sete jornais da cidade de Nova York. Algum dos colaboradores daquele número eram: Gore Vidal, que resenhou “Here to Stay: Studies in Human Tenacity” de John Hersey; Norman Mailer, que escreveu sobre “That Summer in Paris” de Morley Callaghan; Susan Sontag numa análise de “Selected Essays” de Simone Weil e finalmente W.H. Auden sobre “Anathemata“ de David Jones.
Na nota ao leitor escrita pelos editores Robert Silvers Benjamin e Barbara Epstein na primeira edição da revista lia-se: “A New York Review of Books apresenta resenhas de alguns dos livros mais interessantes e importantes publicados neste inverno. Ela não pretende, no entanto, preencher a lacuna criada pela greve dos gráficos em Nova York, mas sim aproveitar a oportunidade que a greve proporciona para publicar o tipo de revista literária que os editores e colaboradores acreditam ser necessária nos Estados Unidos da America. Esta edição da The New York Review of Books não pretende cobrir todos os livros da estação, nem mesmo todos os mais importantes. Nem tempo nem espaço, no entanto, foram gastos com livros triviais em suas intenções ou venais em seus efeitos, exceto ocasionalmente para diminuir reputações temporariamente infladas ou para chamar a atenção para fraudes. Os contribuintes enviaram suas resenhas para esta edição num curto prazo e sem a expectativa de pagamento: os editores doaram seu tempo e, como o projeto foi realizado inteiramente sem capital, os editores, através da venda de anúncios, tornaram possível o pagamento da impressão. A esperança dos editores é sugerir, ainda que imperfeitamente, algumas das qualidades que uma revista literária responsável deve ter, e para descobrir se há, nos Estados Unidos da América, não apenas a necessidade de tal crítica literária, mas a demanda por ela. Os leitores são convidados a enviar seus comentários para New York Review of Books, 33 West 67th Street, New York City.”
Uma seção especial no site da New York Review of Books celebra o aniversário da revista, que abriu todas as resenhas e artigos da primeira edição para leitura.