Cartas de Murilo Mendes a Roberto Assumpção apresenta ao público as cartas de apenas um dos dois interlocutores, somente o lado do poeta, do diálogo travado em correspondências com o amigo e diplomata Roberto Assumpção, responsável pela organização da edição francesa de Janelas do caos, publicada em 1949 em Paris e ilustrada com litografias do gravurista Francis Picabia.
As cartas foram organizadas por Júlio Castañon Guimarães, no volume publicado pela Editora da Casa de Rui Barbosa em 2007. Nelas, o poeta versa sobre questões relativas a publicação de alguns de seus livros, mas sobretudo sobre a edição francesa idealizada por Assumpção. “Sou terrivelmente do mundo”, declarara numa frase verso; sua poesia também o é, equilibrando-se entre o lúdico e o real, dotada de vocação cosmopolita e de erudição; suas cartas também o são, mostras de seu agradecimento afetuoso ao amigo pela publicação na França, sua colocação num contexto poético mais amplo. Sinal da poesia a alastrar-se pela maneira de ser do poeta, mesmo pela prosa natural como a dispendida numa carta: “a palavra nasce-me”.
A admiração intelectual nutrida por Murilo em relação ao amigo, aliada ao seu discreto apontamento do “mistério das coisas visíveis”, faz da reunião dessas cartas um documento simpático ao ininterrupto refluxo do refúgio do cidadão do mundo.
CARTAS DE MURILO MENDES A ROBERTO ASSUMPÇÃO
Organização: Júlio Castañon Guimarães
Editora: Casa de Rui Barbosa
(116 págs.)