Utilizando argumentos como a literatura fantástica, a matemática, a antropologia literária de Iser, elementos da crítica kantiana, do idealismo alemão e da filosofia da ciência de Quine, A filosofia do como se é um interessante tratado sobre a teoria da ficção. Escrito nos primeiros anos do século XX, propõe a teorização da ficção como importante artifício intelectual para a realização de tarefas primordiais do conhecimento, inclusive do conhecimento científico e matemático.
Da desconfortável caverna aos argumentos de sonho e aos contratos sociais, por exemplo, a ficção serve como intermédio filosófico à realidade e alargamento das possibilidades hipotéticas. A filosofia do como se sugere, contudo, uma aproximação mais profunda, segunda a qual as próprias ideais seriam ficções – um positivismo idealista, como o subtítulo define. A ficção, portanto, como condição cognitiva intencional e necessária, a partir do que o tratado pode propor uma fenomenologia da consciência idealizante; o mito, o sonho, o lúdico, o imaginário, na obra de Hans Vaihinger, tem implicações filosóficas importantes, sustentam noções de metafísica, psicologia, epistemologia e, pelo viés da filosofia da linguagem, ideias para uma teoria literária.
Pouco após a época de sua primeira publicação, 1911, com a eclosão da Primeira Guerra Mundial e a consequente necessidade desesperada de se encontrar uma explicação possível ao que estava acontecendo com o mundo, com as pessoas, com a realidade e com os sonhos, A filosofia do como se foi uma leitura de trincheiras, extremamente difundida. A ficção a compartilhar com a razão uma solução a uma realidade problemática.
A FILOSOFIA DO COMO SE
Autor: Hans Vaihinger
Editora: Argos
(723 págs.)