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Literatura

Escrever é algo muito suado

31 março, 2012 | Por rafael_rodrigues

Depois de André de Leones e Menalton Braff, quem agora “fala” sobre a arte da escrita é o contista Antonio Carlos Viana, um dos mestres do gênero no Brasil.

Menos conhecido e festejado do que deveria ser, Viana é autor de “Aberto está o inferno“, “O meio do mundo e outros contos” e “Cine Privê“. O escritor, que é doutor em Literatura Comparada pela Universidade de Nice, da França, é sergipano e atualmente mora em Aracaju, capital do estado.

Inspiração e genialidade são duas palavras que não fazem parte de meu vocabulário quando penso no ato de escrever. Sou mais dos que transpiram 100% para produzir um texto. Não fico esperando que as Musas venham e me ditem as palavras. Pode ser que um ou outro escritor tenha esse privilégio. Eu não tenho.

Escrever é algo muito suado e a palavra que me vem à cabeça para descrever o momento da escrita é disponibilidade. Creio que o artista precisa estar disponível para sua arte e disposto a enfrentar suas limitações, porque cada texto que escrevemos é uma superação de nossos limites. Acredito no trabalho diário, insistente, mesmo que, ao final, de aproveitável sobre apenas uma frase.

Não tenho rituais para começar a escrever. Adquiri o hábito de me sentar sempre por volta das nove da manhã para tentar escrever o que quer que seja. Deixo que as ideias venham por si sós, nunca as forço. A gente precisa ter um horário para a escrita, assim como temos para a academia, para a caminhada, para o lazer.

Podemos ter todas as ideias do mundo, mas elas escapam e dificilmente voltarão se não estivermos com disposição para enfrentar a tela em branco e se não tivermos também uma grande disciplina. Parece que as histórias têm um tempo para nos desafiar, porque depois perdem a força, desaparecem.

Muitas vezes me sento diante do computador e não vem nada à cabeça. Antes me angustiava muito com isso, hoje não mais. Aí digito uma palavra qualquer e deixo que ela me conduza. Outras vezes sou assaltado por uma frase, e sinto, por sua pulsação, que ela pode ou não render uma boa história. Mas para isso, preciso estar aberto para ela. Se não estiver, melhor fazer outra coisa, caminhar mais na praia, por exemplo.

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Literatura

Livros perdidos

29 março, 2012 | Por rafael_rodrigues

Certa vez, ouvi na livraria um diálogo mais ou menos assim:

“- Ah, eu não gosto de emprestar meus livros. Sempre me devolvem com algum estrago.

– Já eu adoro emprestar. Prefiro vê-los circulando do que parados na estante.”

(É claro que a pessoa não disse “vê-los”. Só quis deixar a passagem mais bonita.)

Àquela época, eu me via às voltas com resmungos diários por ter perdido meu exemplar de “Juventude”, de J.M. Coetzee, e de “Werther”, de Goethe. Como eu trabalhava em livraria – saí de lá poucos meses depois, e retornei dois anos mais tarde -, todos os dias eu lembrava de ambos.

A loja não possuía exemplares desses livros, porém, ao ver outras obras desses autores nas prateleiras, eu sempre me recordava dessas baixas literárias.

Além dos títulos citados, devo incluir, nessa fatídica lista, “Budapeste”, de Chico Buarque – do qual, para ser sincero, não sentia muita falta -, “Um certo capitão Rodrigo”, de Erico Verissimo, e “As mentiras que os homens contam” e “Sexo na cabeça”, de Luis Fernando Verissimo.

Com tantos e tão traumáticos desaparecimentos, tomei a única decisão possível em uma situação como essa: resolvi não mais emprestar meus livros. E fui além: passei a defender com veemência o não-empréstimo.

Falo dos livros mas poderia falar também de filmes que foram “arrancados” de mim, como “Amnesia”, de Christopher Nolan, e “O clube da luta”, de David Fincher. Poderia também incluir discos que me foram devolvidos com danos, como a trilha sonora de uma novela cujo nome não lembro, e o “MTV Unplugged” de Bryan Adams – não me julguem por isso, vocês também foram adolescentes! -, que, na verdade, foi roubado junto com o som do carro de um amigo.

Alguns desses livros, discos e filmes eu tive que comprar novamente. Outros, não consegui, e nem sei se conseguirei, como “Amnésia”. E é por isso que, hoje, quando me pedem um livro emprestado, mui polidamente digo que não empresto.

Há exceções, claro. Meu exemplar de “Primeiras estórias”, de Guimarães Rosa, está com uma amiga, por exemplo. “Minority Report”, filme dirigido por Steven Spielberg, está com um amigo. Mas, como disse, são exceções.

Entretanto, não pensem que sou um monstro egoísta. Já perdi a conta de quantos livros dei de presente, em vez de emprestar. Prefiro fazer isso a ficar controlando empréstimos, fazendo listinhas e cobrando a devolução.

Mas a questão, na verdade, é a seguinte: para mim, há um valor sentimental em cada um dos livros, discos e filmes que possuo. Principalmente nos livros. Posso contar uma história sobre cada um: onde, como e porquê o comprei, quem me deu de presente e quando, como ele veio parar em minhas mãos… É como se cada um deles fosse um pedaço de minha memória. Se determinado livro não tiver a sua história, eu invento. É assim que funciona, ao menos comigo.

E é por isso que digo e repito: não empresto meus livros, e recomendo que você também não empreste os seus. Vai que…

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cinema

Sem limites e Meia noite em Paris

26 março, 2012 | Por rafael_rodrigues

Protagonizados respectivamente por Bradley Cooper (“Se beber não case”, “Esquadrão Classe A”, “Maluca Paixão”) e Owen Wilson (“Uma noite no museu”, “Marley e Eu”, “Starsky e Hutch”), os filmes “Sem limites” e “Meia noite em Paris” têm escritores como personagens principais. E, deixando de lado as tramas de cada um, ambos tocam em dois pontos que atormentam boa parte dos escritores: no caso do primeiro, o bloqueio criativo; no caso do segundo, a nostalgia de tempos não vividos.

Eddie Morra, vivido por Cooper, não consegue começar a escrever seu romance, pelo qual uma editora pagou um adiantamento. Gil Pender, vivido por Wilson, vai passar alguns dias em Paris com a noiva, e lá tenta convencê-la a se mudarem para a Cidade Luz, onde ele acredita que conseguirá inspiração para escrever bons romances.

No caso de Morra, seu bloqueio criativo é resolvido quando cai em suas mãos uma pílula chamada NZT, que tem o poder de aprimorar o desempenho do cérebro de quem a toma. Enquanto se envolve em problemas que nada têm a ver com literatura, Morra termina de escrever seu livro, mas a questão literária é deixada de lado em prol de uma trama mais atraente para o público, recheada de suspense, crimes e perseguições.

Já Gil Pender se vê enredado em uma viagem no tempo que o leva à década de 1920 em Paris, época em que lá passaram temporadas ou viveram Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald, Gertrude Stein, entre outros. Sua inquietação está no fato de achar que deveria ter nascido em outra época, a tempo de conseguir viver os anos 20 e assim ter contato com os grandes escritores e artistas que viviam na capital da França. Escrito e dirigido por Woody Allen, que por esse roteiro ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original este ano, “Meia noite em Paris”, ao contrário de “Sem limites”, está embriagado de literatura. Mas não estamos aqui para fazer comparações.

A intenção é voltar nossas atenções – na verdade, apenas destacar, iluminar, porque ambas são, talvez, insolúveis – para essas duas angústias, talvez as maiores que um escritor tenha o desprazer de vivenciar.

Bloqueios criativos são aparentemente normais – quem escreve pode ficar à vontade para relatar suas experiências. Mas, ao chegarem em determinados estágios, são desesperadores. O que fazer quando as palavras não vêm? Ou quando não há ideias sobre o que escrever? Ou, ainda, quando a dúvida entre qual caminho o personagem deve seguir é como escolher entre salvar a vida de apenas um de seus dois filhos?

Conselhos para se livrar de tais bloqueios existe, e não são poucos. Caminhar um pouco, ler alguma coisa leve, escrever qualquer coisa que lhe venha à mente, para daí, quem sabe, chegar onde se quer… Mas às vezes nada disso funciona.

A questão da nostalgia é bem mais simples e muito menos incômoda (ou não…). Ela não atinge apenas escritores, mas artistas de um modo geral são mais propensos a sentir tal sensação. Afinal, onde estão os gênios? Onde estão os grandes romances? Onde estão os grandes fatos? A resposta: no passado.

A Paris dos anos 1920, 1930, 1940 é comentada até hoje. Inúmeros livros já foram escritos sobre essas épocas. E quantas obras-primas não foram escritas na cidade, ou ao menos iniciadas lá. Cito Paris mas poderíamos estar falando sobre a Londres mais ou menos na mesma época, ou a Belo Horizonte da década de 1940, ou o Rio de Janeiro dos anos 1960 e 1970.

É uma pena que não existam pílulas ou viagens no tempo para dar cabo de ambos os problemas. A solução, portanto, seria, no primeiro caso, enfrentar a página em branco, até que a “inspiração” retorne, e, no segundo, contentar-se em viver o presente, conformando-se em conviver com os grandes autores apenas através de seus livros e representações no cinema.

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Literatura

Nunca se sabe de onde virão os temas

25 março, 2012 | Por rafael_rodrigues

Dando prosseguimento à “série” de posts iniciada sábado passado, segue abaixo o depoimento do escritor Menalton Braff, um dos mais importantes autores da atualidade. Entre seus livros mais conhecidos estão “A coleira no pescoço” (finalista do prêmio Jabuti de 2007), “A muralha de Adriano” (também finalista do Jabuti, em 2008) e “À sombra do cipreste” (eleito Livro do Ano, categoria ficção, do Jabuti de 2000). Entre suas orbas mais recentes estão “Moça com chapéu de palha” e “Tapete de silêncio”.

Gosto de esquematicamente dividir o ato criativo em três momentos. Está claro que se trata apenas de um esquema, com todas as variantes impostas pela vida.

– O primeiro momento é o da concepção. A ideia ou a imagem que bate na parede e cai na sua frente. É necessário sentir que a vida não continua sem que se fale da ideia ou da imagem. E repito: às vezes surge um tema abstrato, que precisa procurar suas figuras; às vezes surge uma figura, que deve procurar seu tema. A vida vivida, a vida ouvida, as leituras, a imaginação, enfim, nunca se sabe de onde virão as figuras e os temas.

– O segundo momento é o da gestação. É neste momento que os temas buscam figuras e vice-versa. Se é uma história o momento da concepção, ela começa a buscar sentidos, significados, às vezes sua própria linguagem. É a hora das anotações e/ou pesquisas, Ponto de vista, estrutura, padrão de linguagem, elementos em geral da narrativa, tudo isso cresce durante a gestação.

– O momento final é a execução. Muitas vezes é necessário modificar aspectos daquilo que foi gestado e não se deve temer a modificação. É o início do trabalho, a transformação de temas e figuras em discurso.

No meu caso particular, prefiro trabalhar à noite, todos os dias e sempre nos mesmos horários. Agora que já vou me tornando mais vagabundo, começo a escrever durante o dia também. Sempre no mesmo lugar e de preferência nas mesmas horas.

O conto não exige a mesma disciplina, pois seu convívio com o autor é menor. Conto a gente pode escrever até em quarto de hotel, nas férias.

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Literatura

Assunto encerrado, de Italo Calvino

23 março, 2012 | Por rafael_rodrigues

O escritor italiano Italo Calvino (1923-1985) pertence a um grupo não muito numeroso: o de autores que conseguem fazer trabalhos excepcionais tanto na ficção quanto na não-ficção.

É o caso de George Orwell – talvez até melhor ensaísta que romancista, mas isso seria conversa que duraria até o fim dos tempos -, Jorge Luis Borges, Cesar Aira, J.M. Coetzee, e, no Brasil, Nelson Rodrigues, Machado de Assis – pouco reconhecido por suas crônicas e ensaios, a propósito -, entre outros.

Assunto encerrado“, reunião de conferências e ensaios de Calvino sobre os mais variados temas, é uma boa amostra da visão arguta que tinha o autor. Seu objetivo com esses textos não poderia ser mais “presunçosa”: “Diria que meu objetivo talvez fosse estabelecer algumas linhas gerais que servissem de pressuposto a meu trabalho e ao dos outros; postular uma cultura como contexto em que situar as obras ainda a escrever. A ambição juvenil de que parti foi a do projeto de construção de uma nova literatura que por sua vez servisse para a construção de uma nova sociedade”.

E já no primeiro ensaio, originalmente uma conferência, “O miolo do leão”, Calvino mostra a que veio: “As coisas que a literatura pode buscas e ensinar são poucas, mas insubstituíveis: a maneira de olhar o próximo e a si próprios, de relacionar fatos pessoais e fatos gerais, de atribuir valor a pequenas coisas ou a grandes, de considerar os próprios limites e vícios e os dos outros, de encontrar as proporções da vida e o lugar do amor nela, e sua força e seu ritmo, e o lugar da morte, o modo de pensar ou de não pensar nela; a literatura pode ensinar a dureza, a piedade, a tristeza, a ironia, o humor e muitas outras coisas necessárias e difíceis. O resto, que se vá aprender em algum outro lugar, da ciência, da história, da vida, como nós todos temos de ir aprender continuamente”.

Extremamente habilidoso com as palavras, além de ter um nível cultural altíssimo, Italo Calvino faz uma crítica à civilização contemporânea na conferência “Os beatniks e o ‘sistema'”. Segundo ele, “estamos vivendo no tempo das invasões bárbaras”: “Não adianta olhar em torno, buscando identificar os bárbaros em algumas categorias de pessoas. Os bárbaros, desta vez, não são pessoas: são coisas. São os objetos que acreditamos possuir e que nos possuem; é o desenvolvimento produtivo, que devia estar a nosso serviço mas do qual estamos nos tornando escravos; são os meios de difusão do nosso pensamento, que procuram nos impedir de continuar a pensar; é a abundância de bens, que nos dá não o conforto do bem-estar, mas a ansiedade do consumo forçado (…)”.

Cada ensaio ou conferência de Calvino pode dar origem a um novo artigo. O que dizer do texto “Para quem se escreve?”, por exemplo, no qual ele declara “A contribuição que a literatura pode dar é apenas indireta: por exemplo, recusando decididamente toda solução paternalista; se pressupusermos um leitor menos culto que o escritor e assumirmos com relação a ele uma postura pedagógica, divulgadora, tranquilizadora, só confirmaremos o desnível [cultural]; toda tentativa de adoçar a situação com paliativos (uma literatura ‘popular’) é um passo para trás, e não um passo adiante. A literatura não é escola; ela deve pressupor um público mais culto, mais culto que o escritor; se esse público existe ou não, não importa”.

Às vezes duro ou polêmico, mas sempre elegante e munido de bons argumentos, Italo Calvino não foge do debate, e escreve até mesmo sobre o uso excessivo de palavrões.

Num tempo em que o politicamente correto é o que vigora, o espírito combativo de Calvino faz muita falta. Resta o consolo de que podemos ter a companhia de seus livros.

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Literatura

Garotas de Tóquio, de Frédéric Boilet

19 março, 2012 | Por rafael_rodrigues

AVISO DO AUTOR: Este post se refere a um livro cuja leitura é recomendável apenas para pessoas maiores de 18 anos.

A linha que separa a literatura erótica de boa qualidade da literatura erótica de má qualidade é muito tênue. O mesmo vale para os quadrinhos adultos.

Existem autores que utilizam o erotismo de maneira gratuita e exagerada. As cenas se sucedem sem terem uma justificativa plausível, sem terem necessidade de existir. São histórias feitas como se fossem filmes pornôs, onde o que importa é o sexo pelo sexo, e nada mais.

Mas existem artistas que conseguem ser explícitos e, ao mesmo tempo, delicados. É o caso do francês Frédéric Boilet em seu “Garotas de Tóquio“.

O álbum é composto por sete histórias curtas, nas quais Boilet é o narrador-personagem. Cada uma delas conta o encontro entre o narrador e uma personagem feminina diferente. Essas “garotas de Tóquio” são as musas de Boilet, mulheres convidadas ou que se ofereceram para serem suas modelos.

Poderia-se dizer que a simplicidade é uma das características mais marcantes das histórias. Assim como o traço de seus desenhos é uma espécie de rascunho aprimorado, os diálogos são curtos, bem como as intervenções do narrador.

A cumplicidade entre o narrador e suas musas é outro ponto a ser destacado. Há, em cada uma das sete histórias, uma intensidade de sentimentos muito grande. É como se o protagonista se apaixonasse perdidamente por cada uma das garotas com as quais se relaciona.

Tudo isso contribui para que as cenas de relações sexuais não assustem nem mesmo aos leitores mais puritanos. Essas três características – simplicidade, cumplicidade e intensidade – transformam as histórias eróticas em pequenos contos de amor.

As duas melhores narrativas da coletânea são, de longe, “Uma História quase sem palavras” – a mais explícita de todas e que, como diz o título, quase não tem palavras -, e a divertida “Um belo mangá erótico”. A mais singela e emocionante é “Neri 2004”.

É uma pena que um trabalho de qualidade tão alta seja pouco conhecido e divulgado no Brasil, enquanto que outros quadrinistas, com seus fracos roteiros e desenhos de gosto no mínimo duvidoso são considerados geniais. Inversões de valor que ocorrem em todas as artes, e que são difíceis de entender.

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Literatura

Escrever é estar sempre recomeçando

17 março, 2012 | Por rafael_rodrigues

Há quase dois anos enviei um email para diversos escritores com o seguinte pedido: “Você gostaria de falar sobre como escreve seus romances e contos? Como surgem as ideias, se tem algum ‘ritual’ ou ‘mania’ antes de começar a escrever, se dedica horários específicos para a escrita, essas coisas. Ou então listar 5 a 10 ‘mandamentos’ que todo escritor deve seguir?”

Esses depoimentos seriam publicados em uma série de matérias sobre o ato de escrever, mas as coisas não saíram conforme planejado, infelizmente.

Fiquei com alguns desses depoimentos na minha caixa de emails e recentemente, procurando por outra coisa, os encontrei, e resolvi publicá-los.

O primeiro a vir à luz é do romancista e contista André de Leones, autor de, entre outros, “Como desaparecer completamente“, “Dentes negros” e “Hoje está um dia morto“. No próximo sábado tem mais.

Com a palavra, André de Leones.

Eu escrevo à mão. A primeira versão de cada romance ou conto, pelo menos. Já tentei algumas vezes, mas nunca consegui começar uma narrativa diretamente no computador. Já aconteceu de eu começar alguma coisa e, ao perceber que estava ficando legal, imprimir, transcrever em um caderno, recomeçar e desenvolver à mão.

Gosto de uma série de cadernos da Tilibra chamada “Opus”. Custam em torno de dez reais. Assim, à medida em que arranco páginas e começo de novo e de novo e de novo, não preciso me lamentar por “desperdiçar” tantos cadernos.

Procuro escrever todos os dias, esteja em casa ou viajando (quartos de hotéis são sempre convidativos, posto que se encontram em outra dimensão). Há dias bons, em que a escrita flui bem, e dias ruins, em que ela flui mal ou simplesmente não flui. Em um dia bom, escrevo cinco ou seis páginas que, depois, ao serem revisadas e digitadas, viram duas, uma, meia página…

Como não tenho um emprego “normal”, que exija a minha presença em um escritório ou coisa parecida, costumo escrever durante todo o dia e parte da noite, com muitas interrupções. Paro para cozinhar e comer, ir ao mercado, namorar, assistir a um pouco de TV (adoro seriados, jogos de tênis e de futebol e telejornais), olhar para o tempo, responder e-mails, twittar, blogar e, claro, ler livros. Preciso sair para me encontrar com amigos, comer fora, comprar livros e passear pelo menos duas vezes por semana.

As ideias pipocam de todos os lugares, de uma conversa com alguém, de alguma história que ouço, de uma frase solta, de uma música, de uma cidade etc. A história que vou contar cresce a partir ou em torno dessa ideia primeira.

Antes de efetivamente começar a escrever um livro, penso muito sobre ele, sobre o que quero escrever. Procuro estabelecer uma relação de livros que se aproximem do que quero escrever, temática e/ou estilisticamente. Leio ou releio esses livros. Também procuro ver ou rever filmes que tenham a ver com o projeto. Música é sempre importante. Gosto de escrever ouvindo música. Radiohead, Brahms, Wagner, Philip Glass. Também procuro esboçar uma estrutura antes de começar. Será narrado em terceira pessoa? Em primeira? Em várias primeiras pessoas? O tom será contido ou desbragado? Será dividido de que forma? Depois, quando efetivamente começo a escrever, essa estrutura esboçada antes pode ou não ser respeitada.

De resto, escrever é reescrever, revisar, repensar, tentar de outras maneiras, desistir, retomar, jogar tudo fora, correr até a lixeira e pegar de volta, recomeçar. Escrever é estar sempre recomeçando.

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Literatura

Leitor à primeira vista

15 março, 2012 | Por rafael_rodrigues

Tanto dentro de uma livraria física quanto navegando em uma loja virtual, um livro nos chama a atenção primeiramente por sua capa. Não é uma regra, mas geralmente é o que acontece. (Que me digam vocês, leitores.)

A capa de um livro é, provavelmente, na maioria dos casos, o primeiro contato que o leitor tem com a obra. E ele tanto pode se apaixonar à primeira vista quanto pode ficar com uma má impressão do livro. E a primeira impressão, já diz o ditado, é a que fica, embora nem sempre seja a verdadeira.

Não é à toa que as editoras brasileiras vêm, nos últimos anos, dando uma maior atenção à questão gráfica, ao “objeto livro”. Ainda mais se considerarmos as rápidas transformações no mercado editorial, com os livros eletrônicos ganhando mais espaço e o livro impresso sendo alçado à posição de “fetiche”.

Particularmente, sou uma espécie de aficcionado por capas de livros. Perdi a conta de quantas vezes fiquei tentado a comprar alguns títulos apenas por causa de suas belas capas. E de fato comprei (mas só quando o conteúdo da obra era também interessante).

Ultimamente, essa preocupação das editoras tem aumentado ainda mais. Considerando somente os últimos cinco anos, houve uma série de reedições de obras importantes com novos projetos gráficos. A editora Record, por exemplo, vem reeditando os livros de Fernando Sabino e José Lins do Rego – para enumerar apenas dois autores -, com novas capas e projetos gráficos. O mesmo vem fazendo a Companhia das Letras com as obras de Vinicius de Moraes e Otto Lara Resende. É preciso também mencionar o belíssimo trabalho que a Objetiva/Alfaguara vem fazendo com os livros de João Cabral de Melo Neto. Todos os livros do poeta pernambucano publicados até o momento têm lindas capas.

Quando se fala em livros bonitos não se pode deixar de citar a editora Cosac Naify, que tem em seu catálogo edições belíssimas de clássicos como “Moby Dick” (Herman Melville), “Os miseráveis” (Victor Hugo) e, mais recentemente, “Guerra e paz” (Liev Tolstói).

Esse maior zelo vem ocorrendo até mesmo com os livros de bolso. Afinal, tamanho não é documento, até mesmo no caso da beleza dos livros. Há edições de bolso com capas muito bonitas, haja vista os títulos editados pela L&PM e os publicados pelo selo Companhia de Bolso – neste caso, principalmente os livros da coleção Jornalismo Literário.

É bem verdade que beleza não é tudo. O que importa, claro, é o conteúdo. Até porque, da mesma forma que existem livros belíssimos de baixíssima qualidade literária, há também obras incríveis com capas ou projetos gráficos terríveis.

Mas, parafraseando Vinicius de Moraes, os livros feios que me perdoem: beleza é fundamental. Então, entre uma edição mais simples de um clássico – um Dostoiévski, por exemplo – e uma edição mais encorpada e mais bonita do mesmo livro, fico com esta última, ainda que ela seja mais dispendiosa.

P.S.: Não citei os responsáveis pelas capas e projetos mencionados no post, mas é preciso registrar alguns dos nomes mais importantes dessa área. Ei-los: Mariana Newlands, Victor Burton e o estúdio Retina78.

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Literatura

O tempo dos livros

12 março, 2012 | Por rafael_rodrigues

O romance “O processo“, de Franz Kafka (1883-1924), é uma das maiores obras de ficção de todos os tempos, um clássico da literatura universal. É assim que geralmente somos apresentados a este livro.

Comigo não foi diferente. A apresentação aconteceu quase dez anos atrás, quando era estudante de Letras. Quem me apresentou a Kafka – não apenas a mim, mas a toda a minha turma – foi nosso então professor Mayrant Gallo – que, além de um grande leitor, é também um excelente escritor.

Eu costumava anotar quase todos os livros e autores citados por Mayrant em suas aulas. Dessas recomendações saíram algumas das melhores leituras que fiz até o momento, incluindo aí “O estrangeiro”, de Albert Camus, “Ratos e homens”, de John Steinbeck e “O processo”, de Kafka.

Resumindo de forma bem grosseira, “O processo” conta a história de um homem, Josef K., que é acusado de um crime do qual não é informado, e por isso é processado. A memória me impede de ir mais além na sinopse – uma releitura se faz necessária e será feita em breve -, mas o que vem depois é simplesmente incrível. Kafka consegue mergulhar o leitor em um clima frio, duro, às vezes até sombrio.

Para ler “O processo” de cabo a rabo, tive de começar a lê-lo três vezes. Na primeira, fiquei pelas primeiras páginas. Na segunda, fui até a metade do livro. Foi somente na terceira tentativa que consegui ler a obra por inteiro.

Culpa do livro? De forma alguma.

Na primeira tentativa, eu tinha 19 anos. Estava começando a me tornar um bom leitor, digamos assim. Meses antes de ter em mãos “O processo” eu havia lido tudo o que me caíra na mão de Fernando Sabino e Carlos Heitor Cony, entre outras coisas. Leitor eu já era desde garoto, mas de gibis e revistas informativas. Livros não eram o meu forte, apesar de sempre ter gostado de ler. Talvez por isso não tenha conseguido me deixar levar por Kafka e sua história inusitada.

Da segunda tentativa não me recordo com tantos detalhes, mas lembro claramente de ter considerado uma vitória chegar à metade do livro. Isso deve ter acontecido em 2004.

A leitura completa só veio acontecer em 2005. E o impacto causado por ela durou dias. A partir daí, quis ler tudo o que pudesse de Kafka, e foi assim que li “A metamorfose“, “Um artista da fome” e diversos contos do autor.

Mas onde quero chegar com essa história, você pergunta. No título deste post, respondo. Para mim, e também para muita gente, cada livro tem seu “tempo certo”. Em 2002, quando tentei ler “O processo” pela primeira vez, eu não tinha as condições literárias, digamos assim, para lê-lo. Além da minha pouca bagagem cultural, havia o agravante de estar concentrado em autores brasileiros cujos livros se apegam ao cotidiano – principalmente os já citados Sabino e Cony -, justamente do que Kafka foge: do “normal”.

É por isso que, quando não consigo avançar na leitura de alguma obra, não me sinto culpado. Sei que talvez não seja o momento de lê-la, e não tenho o menor pudor de deixá-la para depois. Com o tempo aprendi que, muitas vezes, tentar forçar uma leitura, terminar um livro apenas por terminar, prejudica, e muito, o entendimento que se tem da obra. E também sua relação com ela.

Talvez se eu tivesse seguido adiante com “O processo”, em 2002, sua leitura não fosse tão marcante. Por isso, caro leitor, se você estiver às voltas com uma leitura por demais arrastada, não pense duas vezes: parta para outra.

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Literatura

A paixão pelos livros

9 março, 2012 | Por rafael_rodrigues

Embora nos últimos anos o leitor apaixonado esteja envolvido – ou, talvez melhor dizendo, se envolvendo – com as mais diversas questões relacionadas ao livro, tais como “o livro eletrônico acabará com o físico?”; “as livrarias vão sobreviver à expansão do comércio virtual?”; “como vou conseguir um autógrafo de Philip Roth no Kindle?”; ou “o Kindle aguenta uma chuvinha?”, o objeto principal de sua preocupação e atenção é sempre o mesmo: os livros, claro.

E, para o leitor apaixonado, existem algumas coisas que são quase sagradas, como cheirar um livro novo – se bem que há quem prefira o cheiro de livros velhos, tem fetiche para tudo -, uma capa bem feita – há quem colecione livros pela capa, não duvidem! – e, claro, belos textos exaltando o valor do livro – melhor ainda se for impresso.

Quando um desses leitores encontra uma obra que reúna essas três características, ele se sente, parafraseando o argentino Jorge Luis Borges, no paraíso.

É mais ou menos a sensação que se tem ao ler “A paixão pelos livros” (Casa da Palavra, 2004), obra organizada por Julio Silveira e Martha Ribas, uma coletânea de textos e frases de diversos autores sobre, já ficou óbvio, livros.

Entre as frases, há desde pérolas de impacto, como a do escritor alemão Heinrich Heine, “Onde se queimam livros cedo ou tarde se queimam homens” (vale aqui citar, como indicação sobre o assunto, “História universal da destruição dos livros”, de Fernando Báez), até as espirituosas, como a de Erasmo de Roterdã que diz “Quando tenho algum dinheiro, compro livros. Se ainda me sobrar algum, compro roupas e comida” (abro um outro parêntese para confessar que esta última reflete minha realidade).

Mas é entre os textos selecionados que está o melhor de “A paixão pelos livros”. “Bibliomania”, conto de Gustave Flaubert, por exemplo, mostra como o amor desmedido – na verdade, talvez não seja “amor” a palavra, e sim “obsessão” – pelos livros – nesse caso, por uma determinada obra – pode levar um homem à loucura.

Já os escritos por José Mindlin e Carlos Drummond de Andrade – respectivamente “Loucura mansa” e “O sebo” – são mais leves e mais românticos. Mindlin diz, a título de gracejo, que o livro é o “Companheiro ideal (…), pois está sempre à disposição, não cria problemas, não se ofende quando é esquecido, e se deixa retomar sem histórias, a qualquer hora do dia ou da noite que o leitor deseja”.

Em seu texto, Drummond também se vale do bom humor, e diz “Lá em casa não cabe mais nem um aviso de conta de luz, tanto mais que as listas telefônicas estão ocupando o lugar dos dicionários, mas o frequentador de sebo leva assim mesmo o volume, que não irá folhear. A mulher espera-o zangada: ‘Trouxe mais uma porcaria para casa!’ Porcaria? Tem um verso que nos comoveu, quando a gente se comovia fácil, tem uma vinheta, um traço particular, um agrado só para nós, e basta”.

Figuram, ainda, entre as páginas de “A paixão pelos livros” textos de Michel de Montaigne, Plínio Doyle, Camilo Castelo Branco, Rodrigo Lacerda e outros. A grande surpresa, contudo, vem com o conto de um autor pouco conhecido no Brasil: o norte-americano descendente de armenos William Saroyan.

Trata-se de “Dia frio”, uma pequena ode aos livros, e uma pequena obra-prima de ficção. Para resumir em poucas palavras: escrito em forma de carta, a história é o relato de um escritor que tenta escrever um conto mas faz tanto frio que ele não consegue. “Gostaria de saber o que o Partido Democrata já fez pelos escritores congelantes. Todos os outros recebem calor. Nós temos que depender do sol e, no inverno, não se pode depender do sol. Esse é o x do meu problema: querer escrever um conto e não podê-lo, por causa do frio”.

Ele pensa, então, em fazer uma fogueira com alguns de seus livros, para esquentar-se, mas quando começa a pensar em quais obras queimar, encontra razões até mesmo para preservar livros de “prosa barata”.

Quem tem um sentimento especial e, vá lá, romântico pelo objeto físico do livro, vai se sentir muito bem representado e se reconhecer em muitas passagens de “A paixão pelos livros”. Para aqueles que não conseguem entender essa predileção, essa paixão, que muito em breve pode se tornar um mero fetiche, os textos reunidos em “A paixão pelos livros” explica muita coisa. Faria bem ler para, quem sabe, entender essa cada vez mais rara espécie de leitor. E, quem sabe, sendo bastante otimista, ser contaminado por essa “loucura mansa”.

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Literatura

Wilson, de Daniel Clowes

5 março, 2012 | Por rafael_rodrigues

Uma das características mais interessantes de “Wilson“, graphic novel do norte-americano Daniel Clowes recentemente publicada no Brasil pela editora Companhia das Letras com tradução de Érico Assis, é que uma página não é necessariamente a continuação direta da anterior. Em outras palavras: é como se cada página fosse uma história isolada, mas que, unindo umas às outras, formassem um todo.

De fato, como disse o autor em recente entrevista a Raquel Cozer, repórter da Folha de São Paulo, as páginas de “Wilson” foram mesmo rascunhadas isoladamente, como se fossem tirinhas. Enquanto ia criando os desenhos e as falas, Clowes percebeu que tinha em mãos não apenas um personagem interessante, mas uma história com começo, meio e fim.

Wilson, o protagonista, é um quarentão solitário – ele vive apenas com Pepper, sua cachorrinha – que em diversas páginas interage de uma maneira muito peculiar com estranhos: educado no início e ácido no final. Haja vista a abertura da história, que vocês podem conferir abaixo (em inglês porque não consegui uma imagem da edição brasileira, mas a tradução vai a seguir; as falas da mulher estão em itálico):

(Clique na imagem para ampliar)

“Eu amo as pessoas.” // “Sou muito sociável” // “Cada um de nós tem uma história a contar e todos fazemos parte da grande família que é a humanidade. Que tragédia termos perdido a noção de comunhão com o próximo!” // “Olá, irmã, como vai?” // “Nem me fale! Meu computador acabou de travar e perdi todos os meus favoritos!” // “Passei a manhã com o suporte técnico me enrolando e quando finalmente consegui falar com um cara, ele não tinha nem ideia de qual era o problema.” // “Querem que eu faça download de um programa ou sei-lá-o-quê, mas toda vez que eu tento a porcaria do computador trava de novo…” // “Meu Deus, por que você não cala essa boca?”.

Ainda no início da narrativa, Wilson faz reflexões que parecem intuir o que está para acontecer. Ele lembra da morte da mãe; de quando era criança e seus pais se sentavam à beira de um lago (“eu não entendia bem o que eles tanto olhavam, mas acho que servia de combustível para o espírito, sei lá”); e da sua ex-esposa, que o abandonara dezesseis anos antes.

Sua rotina de sair para caminhar sozinho ou com Pepper, ir a cafés e ler jornal ou livros é modificada quando seu pai, com quem não tem uma boa relação, morre. É a partir desse fato que ele resolve partir em busca de sua ex-esposa, Pippi, e descobre que pode ter uma filha que não conhece.

Mas, ao contrário do que pode parecer, Wilson não muda com o tempo – talvez amadureça, mas não muda. Sua língua continua afiada, criticando a tudo e a todos – até sobre o “fim das livrarias” ele fala -, mesmo depois de se passarem anos, e de muita coisa acontecer, inclusive ele se tornar avô.

E talvez seja esta a maior característica de “Wilson”: fazer com que, mesmo sendo tão diferentes do personagem, os leitores se identifiquem com ele. É como se Wilson representasse nossas indignações e, quem sabe, nossos secretos desejos de sinceridade. Afinal, quem nunca se imaginou dizendo tudo o que tem vontade de dizer, não importando quem seja o interlocutor?

“Wilson” é mais uma prova de que as histórias em quadrinhos devem ser mais valorizadas e respeitadas como literatura. Ao terminarmos sua leitura, é quase inevitável fazer uma releitura. E, depois dela, é muito provável que o leitor sinta-se seduzido a ler novamente a história. Além de ter alta qualidade gráfica e textual, e de ser engraçado e melancólico, “Wilson” é, também, viciante.

(Rafael Rodrigues)

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À guisa de apresentação

5 março, 2012 | Por rafael_rodrigues

Confesse que é um tanto estranho, ao menos para mim, escrever uma apresentação em um blog que não seja “meu”. É como se estivesse chegando para “morar de favor” na casa de alguém. Porque um blog é, em sua definição “prmária”, digamos assim, um diário – algo, sabemos, muito pessoal. Por outro lado, sei que a sensação é passageira, e que em breve me sentirei mais à vontade por aqui.

Bom, deixando a conversa fiada de lado, este é meu “Olá, tudo bem? Prazer em conhecê-lo/la!” para os leitores do blog da 30PorCento. Meu nome é Rafael e, uma ou duas vezes por semana, publicarei neste espaço textos sobre livros – resenhas ou comentários que, na falta de uma classificação melhor, poderão ser classificados como artigos ou crônicas.

Talvez alguns de vocês já tenham lido alguma coisa minha por aí, ainda que não recordem. Nos últimos anos venho colaborando com diversos veículos virtuais e impressos, escrevendo resenhas, artigos, fazendo entrevistas ou publicando ficção. Para não me alongar demais, citarei apenas alguns desses veículos: Paralelos, Amálgama, Digestivo Cultural (virtuais); Rascunho, Suplemento Literário de Minas Gerais, Brasileiros, Conhecimento Prático Filosofia (impressos).

Sou, portanto, jornalista e escritor, tendo estreado em livro no fim de 2011, com “O escritor premiado e outros contos” (Multifoco). Sou, também, blogueiro, sendo atualmente mantenedor do Entretantos, hospedado no site da revista Bravo!, e editor, da revista de contos Outros Ares. Aos que têm Twitter, podem me encontrar lá no @entretantos. Aproveito para avisar também do perfil da @30PorCento.

Espero publicar textos agradáveis de serem lidos, mas sem esquecer o viés informativo, claro. E por isso peço a vocês que, sempre que puderem e acharem necessário, deem algum retorno sobre os textos. Para alguém que escreve, não há coisa melhor.

Enfim, é isso. Here we go! :)

(Rafael Rodrigues)

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