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Khadji-Murát, de Liev Tolstói

12 maio, 2010 | Por admin

História e memória são as matérias-primas desta narrativa que põe em cena o líder rebelde caucasiano Khadji-Murát em sua luta contra a incorporação da Tchetchênia e do Daguestão pelos russos. A região até hoje é foco de instabilidade política, o que dá surpreendente atualidade a este livro publicado em 1910, ano da morte do escritor. 

Foi no agreste Cáucaso que o jovem Liev Tolstói serviu como oficial do exército, décadas antes; a experiência repercutiria em seus últimos dias, quando o escritor, agora um ativista em prol dos perseguidos pelo regime czarista, voltou a interessar-se por aquele povo infenso à dominação imperial. Estamos em território russo, mas o cenário não é aquele a que estamos habituados. Não se trata dos personagens aristocráticos que falam francês e desfilam pelos salões de Moscou e Petersburgo, nem de soldados, mujiques e outros tipos populares eslavos que povoam as narrativas de Tolstói. O escritor aqui é um orientalista que se mostra fascinado pela marca da cultura islâmica em pleno Império Russo, e que está simbolizada na capa do livro, com a imagem de uma espada curva que mimetiza o Crescente. A espada, típica dos guerreiros da região, faz parte do acervo do Museu Hermitage. 

Sexto volume da coleção Russinhos, a obra tem tradução de Boris Schnaiderman, que também assina o prefácio.

 

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Comentários

Uma ideia sobre “Khadji-Murát, de Liev Tolstói

  1. regina rouseau

    A cartilha de Tolstói

    Para ele, o povo simples das aldeias russas sabia,
    melhor do que ninguém contar histórias.
    Liev, um nobre conde, acreditava que o critério
    da pedagogia concentrava- se na liberdade.
    E utilizando várias concepções rousseaunianas,
    funda uma escola em suas terras para os filhos dos colonos.
    Mais tarde desenvolve uma nova maneira de ensinar,
    baseada em suas próprias experiências:

    Para ensinar sobre a natureza ele leva seus alunos ao campo.
    Algumas vezes, à noite, aponta-lhes os nomes das constelações.
    Seus alunos não levam lições para casa, podiam sentar-se
    em qualquer da sala de aula e escolher o assunto que queriam aprender.
    Não havia lista de presença, notas, castigos, repreensões.

    Para o mestre, ao conhecer a liberdade, o aluno desenvolveria
    sua personalidade, sendo capaz de improvisações criativas
    durante a sua vida. Ele percebeu que as crianças interessavam-se
    pelas lendas contadas com arte, do que por simples narrativas
    de fatos históricos. Por isso, foi chamado de “o pedagogo do universo”,
    pelo imenso e admirável legado de histórias, fábulas que nos deixou,
    com toda mestria. Devemos todos ler a cartilha de Liev Tolstoi.

    Regina Rousseau

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