Isaiah Berlin é um dos grandes nomes da intelectualidade ocidental, conhecido, entre outros, por seus Quatro Ensaios sobre a Liberdade [UnB, 1981, esgotado].
Acaba de ser lançada no Brasil uma tradução de As raízes do Romantismo, um estudo instigante, erudito e profudamente interessante sobre a revolução, na filosofia e nas artes, que causou, a partir do final do século XVIII, o surgimento do movimento romântico.
Para realizar a investigação sobre as origens filosóficas do movimento, Berlin analisa a obra de alguns dos principais pensadores do Romantismo, entre eles, Fichte, Schelling, Herder, Blake e Byron, tecendo uma densa reflexão sobre sua herança intelectual, estética e política, sobretudo levantando a contribuição de cada autor e respectiva obra enquanto fundação para valores fundamentais à democracia, como a liberdade, o pluralismo e a tolerância.
O livro é resultado da reunião de seis conferências proferidas em 1965 na National Gallery of Art, de Washington. Trata-se de um dos trabalhos mais importantes de Berlin. É uma das melhores introduções ao Romantismo já escritas.
João Pereira Coutinho, em artigo escrito ao jornal Folha de São Paulo, o “romantismo era um assunto tão importante para ele que todo mundo esperava uma obra definitiva sobre o assunto”. Porém, emenda: “Essa obra nunca chegou. O mais próximo que Berlin esteve desse projeto foi com “Political Ideas in the Romantic Age” (publicado em 2006) e com “As Raízes do Romantismo”, conjunto de palestras proferidas em Washington em 1965”. Segundo Coutinho, “Berlin conseguiu o que pretendia: não apenas uma interpretação sobre as múltiplas interpretações que já se fizeram sobre o movimento romântico (e as primeiras páginas do livro são um verdadeiro espectáculo de erudição). […] Berlin pretende mostrar como o romantismo, apesar da sua heterodoxia, forjou o mundo moderno –para o melhor e para o pior”. Pois o romantismo, nas palavras do jornalista, “foi fulcral na sua oposição ao racionalismo iluminista, ou seja, como resposta à velha atitude monista de que todos os problemas humanos têm uma única solução à espera”. O movimento estabeleceu-se sobretudo como uma oposição “à geometria dos “philosophes” pela reafirmação da verdade pluralista –a ideia de que existem valores e fins de vida diversos que os homens procuram e, mais ainda, são capazes de criar”. E os valores e virtudes enaltecidos então – como “autenticidade” e “inconformismo” –, são ainda tão valiosos hoje quanto o foram no século XVIII.
Para Berlin, o Romantismo provocou “a maior mudança já ocorrida na consciência do Ocidente”.
Autor: Isaiah Berlin
Editora: Três Estrelas
Preço: R$ 43,90 (256 págs.)