fotografia

Perscrutações fotográficas

20 agosto, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Fotografia de Stephen Shore

O lançamento A natureza das fotografias, do fotógrafo Stephen Shore, propõe uma educação do olhar para a fotografia. Com tradução de Donaldson M. Garschagen, o livro, que chega ao Brasil pela CosacNaify, oferece uma abrangente reflexão, baseada na vasta experiência do autor como fotógrafo e professor do Programa de Fotografia no Bard College. Stephen Shore explora maneiras de ver e entender qualquer tipo de imagem fotográfica, desde negativos a arquivos digitais, de fotos feitas por desconhecidos até as mais conhecidas e mesmo icônicas, analisando-as através da identificação de níveis de percepção, abordando de maneira técnica, teórica e metafórica conceitos como bidimensionalidade, enquadramento, tempo e foco.

O texto do livro é a um só tempo claro e perspicaz, ilustrado por fotografias que vão de precursores como Eugène Atget, Alfred Stieglitz, Walker Evans, André Kertész e Brassaï, passando por Robert Frank, Diane Arbus, William Eggleston, Lee Friedlander e o próprio autor, até artistas contemporâneos, independente da qualidade de seus trabalhos enquanto arte, mas como bons exemplos para que se reflita sobre o papel da fotografia como suporte, como é o caso de Vik Muniz.

Segundo Silas Martí, em artigo escrito para a Folha de São Paulo, neste livro Shore “defende a cor como o elemento mais vivo de uma imagem, aquilo capaz de tornar tudo mais real”. Conforme análise de Martí, a obra do fotógrafo “também foge da paleta urbana. Shore é desde os anos 1970 um dos maiores retratistas da América profunda, de estradas que cortam desertos e subúrbios modorrentos, ou lugares que sob a pele banal escondem uma gama de cores berrantes. “Há paletas distintas para épocas e países distintos. É só olhar para as cores dos carros e dos prédios”, diz Shore. “A visão de um estacionamento cheio de carros consegue traduzir todo o sentido de cor de uma era. Isso me ajudou a construir um retrato mais verdadeiro da América”. Ou mais transparente. “Como o mundo é colorido e enxergamos em cores, uma imagem colorida é mais transparente do que uma em preto e branco”, explica o artista. “Quem vê a imagem não fica pensando em que escolhas eu fiz na hora de fotografar”. Shore, aliás, gosta de dizer que não faz escolhas muito precisas, fotografando só o que vê no meio do caminho”.

Nos próximos dias 15, 16 e 17 de setembro, Stephen Shore estará em São Paulo, onde ministrará palestras e workshop para doze pessoas, escolhidas a partir de apreciação de portfólio, pré-selecionadas pelo próprio Shore – “Meu objetivo é conduzir cada artista a encontrar sua voz”, diz o fotógrafo. A programação:

15 de setembro: palestra no MIS – Museu da Imagem e do Som.

Entrada gratuita com tradução simultânea (ingressos serão distribuídos com 1h de antecedência)

16 de setembro a 31 de outubro: exposição no MIS.

17 de setembro: workshop com Stephen Shore.

(Eventos que fazem parte do SP PHOTO FEST – Festival Internacional de Fotografia de São Paulo em parceria com o MIS).

 

A CosacNaify disponibiliza visualização de A natureza das fotografias.

 

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“Em que esta fotografia difere da cena real

que Robert Frank viu da janela de seu

quarto de hotel em Butte, uma deprimente

cidade mineradora no norte das

Montanhas Rochosas? Até que ponto esta

imagem é produto de uma objetiva, de um

obturador, de processos fotográficos?

Quais características da fotografia

determinam a aparência de uma imagem?”

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A NATUREZA DAS FOTOGRAFIAS

Autor: Stephen Shore
Editora: CosacNaify
Preço: R$ 89,90 (136 págs.)

 

 

 

 

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