Vencedor do Prêmio Jabuti deste ano, o romance Reprodução, de Bernardo Carvalho, é uma crítica ácida e contundente à reprodutibilidade de informações inócuas e à superficialidade do prestígio pessoal que são possibilitadas pela internet. Uma narrativa forte, ácida e instigante, que traz à tona profundas questões morais, latentes no mundo contemporâneo.
O protagonista é o estandarte da questão: trata-se de um homem, “o estudante de chinês”, totalmente preconceituoso, que, dono de um um ethos reacionário, é leitor de revistas fúteis e esbanja um conhecimento enciclopédico – melhor dizendo, wikipédico. Cada qual das outras personagens, todas muito bem construídas, buscam suas identidade e sentido de vida. Ao estudante de chinês, o mundo, submerso no que lhe parece um delírio – envolvido repentinamente com a Polícia Federal ao tentar embarcar para a China -, deixa de ter um sentido maior. É o próprio conflito das versões de realidade que entra em questão.
Entremeadas, as “reproduções” contemporâneas – do discurso da imprensa aos sites da internet, da reprodução sexual à própria imitação da vida. Continue lendo