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matraca

Folclore brasileiro

11 fevereiro, 2016 | Por Isabela Gaglianone

“aos cantadores e violeiros, analfabetos e geniais; às velhas cantadeiras de estórias maravilhosas, fontes perpétuas de literatura oral do Brasil, ofereço e consagro este livro que jamais hão de ler.”

gravura de Gilvan Samico

gravura de Gilvan Samico

Os dois volumes da Antologia do Folclore Brasileiro, de Luís da Câmara Cascudo, são uma referência única a aspectos do folclore e da etnografia brasileira.

Publicado originalmente em 1943, estimula, no leitor brasileiro atual, indagações sobre o paradeiro de tantas tradições da cultura popular. Há alguma nostalgia em relação a aspectos histórico culturais que a discrepância secular torna perceptíveis de uma maneira por demais abstrata, indiferenciando-nos em relação a tantos aspectos de nossos personagens formadores de cultura, a nosso passado, à nossa história? O que há em nós, enquanto povo, do chamado povo brasileiro de outros séculos? O que de nosso folclore já não é senão poético?  Continue lendo

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Guia de Leitura

Correspondências

14 agosto, 2015 | Por Isabela Gaglianone

Correspondência trocada [ao menos remetida] por escritores da primeira fase do modernismo brasileiro:

A possibilidade de acompanhar a leitura da troca de cartas entre dois escritores é de uma riqueza que ultrapassa a mera curiosidade, o fetichismo sobre suas personalidades, o voyeurismo intelectual – ainda que também as contemple. As cartas pulsam, testemunhas históricas – eternamente – vivas.

Mais do que formas de comunicação à distância, o tempo epistolar abriu possibilidades únicas de desenvolvimento de discussões, interpretações, compartilhamento de ideias literárias, culturais, intelectuais. Compuseram, entremeado à realidade, um universo de ideias, atualizado pela concretização não apenas em palavras, mas em sua sobreposição enquanto respostas a respostas.

 

Renato Caldas, “Fulô do mato”

Câmara Cascudo foi historiador, antropólogo e jornalista, conhecido pelo trabalho que desenvolveu como pesquisador do folclore. Correspondeu-se com Drummond e com Lêdo Ivo e essas cartas são um caso curioso na historiografia de publicação epistolar, pois foram publicadas como prefácios ao livro Fulô do Mato, do poeta matuto Renato Caldas. Este, potiguar muito estimado por Câmara Cascudo, pode publicar, na segunda edição de seu livro, cartas escritas pelo folclorista a Lêdo Ivo e Drummond. As cartas foram transcritas para as edições seguintes da obra e, então, tomadas definitivamente como prefácios.

Através de sua correspondência, Câmara Cascudo pode ser o articulador do movimento modernista no Rio Grande do Norte. Através de suas cartas a memória cultural e literária presentifica-se. Entusiasta da poesia matuta, ele dizia nas cartas sobre o que se produzia em seu estado aos amigos escritores. Ao dissertar sobre o amigo Caldas, ele diz: “Renato é miolo de arueira, não esquecendo ponta de prego que o riscou nem cheiro de flor roçando nas folhas”.

O folclorista foi muito estimado por Mário de Andrade e com ele também se correspondeu durante longo período, cartas que estão reunidas no volume Câmara Cascudo e Mário de Andrade: Cartas, 1924-1944 Continue lendo

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