Publicado em 2009, o livro Inteligência com dor – Nelson Rodrigues ensaísta, do professor Luis Augusto Fischer, tece um comentário inusitado que, porém, mostra-se exato ao defender que as crônicas rodrigueanas seriam, na verdade, ensaios e, Nelson Rodrigues, “o Montaigne brasileiro”.
Segundo Fischer: “Há uma ideia generalizada de que, tanto nas crônicas quanto em contos e romances, ele faz retratos muito eficazes da vida brasileira. Porém, soando às vezes excessivo, hiperbólico. Em outras palavras, pode-se dizer que se trata de um autor com mercado, com fãs, mas sem reconhecimento acadêmico. Discordo disso no que se refere às crônicas: o Nelson contista e romancista pode ter um apelo sensacionalista, superficial, mas o cronista atinge uma profundidade comum a poucos. Em suas crônicas, ele foi um dos melhores intérpretes do país”.