Um dos convidados mais esperados da FLIP deste ano foi Etgar Keret, celebrado como a principal voz de sua geração e o grande renovador da literatura israelense neste início de século. Em junho deste ano pela primeira vez um de seus livros foi traduzido e publicado no Brasil. De repente, uma batida na porta confere um toque absurdo a uma prosa coloquial.
Keret é conhecido também como cineasta e autor de quadrinhos. Como escritor, tornou-se mundialmente renomado por seus característicos contos bem-humorados, desenrolados por situações próximas tanto ao fantástico quanto ao nonsense. Seu humor é lúdico e absurdo. Sua narrativa é direta, política sem ser partidária, moralista ou ideológica.
“Uma história ou uma bala na cabeça”, ameaça um homem barbudo a um escritor no conto que abre o volume. Sua exigência é clara: uma história curta, que não despeje, abrupto como um caminhão de lixo, realidade pura sobre pessoas que enfrentam dias difíceis e que desejam algo mais. O escritor, porém, mantém-se em plena paralisia criativa, pois justamente quando obrigado pelos homens armados a inventar uma história, ele é continuamente interrompido por batidas na porta. Cada uma vem acompanhada pela aparição de uma visita indesejada, cada qual com sugestões e exigências para a história. “Aposto que coisas como esta nunca aconteceriam com Amós Oz ou David Grossman”. Continue lendo