“[…] o único caminho possível numa discussão teórica seja talvez limitar-se a refletir sobre como as obras e os mitos se perseguem, tangenciando-se até em seus aspectos mais prosaicos, percorrer os lugares onde os caminhos se cruzam, os fios se emaranham e se embaralham, tudo parece remeter a outra coisa, e fica evidente que a meta é o próprio caminho”.
Novas derivas, de Jacopo Crivelli Visconti, delimita e analisa uma forma artística recorrente desde a década de 1960: a incorporação do ato de andar, normalmente protagonizado pelos próprios artistas. De acordo a definição de Guy Debord, este é o processo artístico conhecido como deriva. A análise de Visconti tece uma ampla reflexão sobre os trabalhos de deriva, marcados por um posicionamento situacionista para despertar reflexões sociais, politicamente engajadas. Imateriais e, portanto, invendáveis, são trabalhos que relacionam-se com o espaço, cartografando-o de maneira singular e desenvolvendo uma interessante crítica à subserviência das artes à banalidade mercadológica.
O livro, que surgiu como uma tese, defendida pelo autor na FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) – USP, apoia-se em vasta e profunda pesquisa sobre as ideias e processos desenvolvidos nas artes plásticas nas últimas cinco décadas. Continue lendo