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Rapsódia musical literária

12 junho, 2015 | Por Isabela Gaglianone

“Sou um tupi tangendo um alaúde!” – Mário de Andrade, “O trovador”, Paulicéia desvairada (1922).

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Faltando menos de um mês para a homenagem a Mário de Andrade pela FLIP, uma de suas grandes comentadoras ainda não foi mencionada. Gilda de Mello e Souza, em O tupi e o alaúde, tece uma belíssima interpretação de Macunaíma. O livro, publicado originalmente em 1979, interveio como uma resposta crítica a Morfologia do Macunaíma [Perspectiva, 1973], de Haroldo de Campos. Gilda faz uma análise poderosa e original, tece uma crítica aberta ao diálogo, marcada pela articulação criativa entre pesquisas teóricas e profundidade interpretativa.

O ensaio tem três movimentos, parte da analogia entre a estrutura de Macunaíma e formas musicais, realiza uma defesa da ambiguidade e das fraturas da narrativa, para, apoiado em Bakhtin, inscrever a rapsódia brasileira na linhagem dos romances de cavalaria.  Continue lendo

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A palavra afiada de Gilda

3 janeiro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Previsto para ser lançando em 2013, mas ainda no prelo, A palavra afiada, será um volume com entrevistas e textos da filósofa, crítica literária, ensaísta e professora emérita da USP, Gilda de Mello e Sousa (1919 – 2005).

O livro, editado pela Ouro sobre Azul, é organizado por Walnice Nogueira Galvão, professora titular de literatura na Universidade de São Paulo. Segundo Walnice, em entrevista à revista Cult, Gilda produziu uma “reflexão finíssima, perspicaz e aguda sobre diferentes fenômenos artísticos, estéticos”.

Gilda foi casada com o crítico Antonio Candido, com quem colaborou na produção da revista acadêmica Clima, publicada entre 1941 e 1944, marco da vida intelectual brasileira, cujo corpo editorial era também composto pelos amigos Paulo Emilio Salles Gomes, Décio de Almeida Prado, Ruy Coelho, Lourival Gomes Machado e Alfredo Mesquita, entre outros. Formou-se em filosofia pela Universidade de São Paulo, onde teve aulas com Claude Lévi-Strauss, Roger Bastide e Jean Maugüé e onde recebeu o título de doutora em ciências sociais com a tese A Moda no Século XIX. De 1943 a 1954, foi assistente de Roger Bastide na cadeira de Sociologia da mesma universidade e, a partir de 1955, tornou-se professora de Estética no Departamento de Filosofia, cuja direção viria a assumir nos anos difíceis da ditadura militar. Nesse departamento fundou, em 1970, a revista Discurso, até hoje uma referência nos estudos filosóficos brasileiros. Aposentou-se em 1972 e recebeu, em 1999, o título de professora emérita da USP. Continue lendo

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