Arquivo da tag: Jeanne Marie Gagnebin

matraca

Presença de uma ausência

30 janeiro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Como sugere o título, neste livro são analisadas três categorias centrais do pensamento benjaminiano – rastro, aura e história. O livro é fruto de um trabalho produzido coletivamente pelo Núcleo Walter Benjamin, coordenado por Georg Otte e Élcio Cornelsen, entre outros, e que, desde 2006, vem dedicando-se a pesquisar e divulgar os trabalhos do pensador alemão. Em forma de ensaios são reunidos, nesse volume, as principais comunicações proferidas durante o segundo Colóquio Internacional do núcleo, realizado em 2010 na Universidade Federal de Minas Gerais e intitulado “Spuren: rastros, traços, vestígios”. O livro conta ainda com preciosas contribuições de convidados, o que o torna amplo e diversificado. Há reflexões teóricas exclusivamente benjaminianas, tais como as de Rolf-Peter Janz e de Jeanne Marie Gagnebin, que, num viés filosófico, procuram delimitar os conceitos de aura e de rastro. Há trabalhos comparativos que estabelecem relações entre Benjamin e outros pensadores. Há ainda trabalhos que relacionam conceitos e formulações de Benjamin usados na abordagem de diferentes realidades, como Márcio Seligmann-Silva, que usa o conceito de rastro para abordar a obra da artista plástica Regina Silveira, ou Willi Bolle, que procura ler a cidade de Belém a partir dos mesmos protocolos que Benjamin mobiliza para ler Paris, na obra das Passagens.

Continue lendo

Send to Kindle
matraca

Poesia e política

14 novembro, 2013 | Por Isabela Gaglianone

Escritos sobre mito e linguagem reúne sete ensaios escritos por Walter Benjamin entre os anos 1915 a 1921, pertencentes, portanto, à sua fase de juventude, em geral pouco estudada no Brasil. A tradução dos textos foi feita por Susana Kampff e Ernani Chaves. O livro, publicado pela editora 34 e organizado pela especialista Jeanne Marie Gagnebin – também responsável pelo texto de apresentação e pelas notas –, é composto por trabalhos propriamente literários, textos de natureza estética ou que se encontram na fronteira entre literatura e filosofia e ensaios que manifestam o princípio do núcleo do pensamento filosófico benjaminiano: resguarda um momento fundamental do percurso intelectual de Walter Benjamin, em que a dialética dialoga diretamente com a metafísica, etapa filosófica responsável pela configuração original de seu pensamento – a despeito da fragmentação teórica – para iluminar a arte, a linguagem, a religião, a história, a violência. Na apresentação, Jeanne Marie Gagnebin analisa que “a preocupação de Benjamin com a problemática do mito, tão evidente nestes escritos de juventude, parece ser justamente a outra vertente de sua preocupação com a história – preocupação que só tenderá a crescer, adotando feições mais nítidas e materialistas a partir do fim dos anos vinte”. Segundo ela, “sem uma reflexão sobre Sprache, ‘língua’ e ‘linguagem’, […] não há a possibilidade […] de pensar a razão e a racionalidade humanas“, a razão e a história devem ser pensadas em conjunto, pois a apreensão de ambas depende do intermédio da linguagem.

Continue lendo

Send to Kindle