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Guia de Leitura

Reflexões filosóficas sobre o riso, o humor, o cômico ou o ridículo

7 agosto, 2015 | Por Isabela Gaglianone

Após o lançamento de Graça Infinita, de David Foster Wallace, e as discussões a respeito da ironia de seu título, bem como da dificuldade de sua tradução para o português – Infinite Jest –, reunimos alguns textos interessantes sobre a galhofa, a bufonaria, a risada, a piada, a ironia.

 

Shaftesbury, “Characteristics os men, manners, opinions and times”

Shaftesbury – Anthony Ashley Cooper, III Conde de Shaftesbury – é um daqueles filósofos cujas ideias tornaram-se freáticas; pouco comentado atualmente, desenvolveu reflexões que foram base para o desenvolvimento da filosofia moderna. O seu muito irônico Sensus communis, or na Essay on the freedom of wit and humor ainda não tem tradução para o português, porém, é fundamental para pensar as dimensões políticas, morais e estéticas do riso, do ridículo, da zombaria, do humor fino e engenhoso.

O texto é escrito em forma de carta, a um suposto amigo que ficara atônito e perturbado com a defesa, expressa por parte do autor, da zombaria. Shaftesbury explica que a zombaria pode ser justa, pois apenas pode ser considerado verdadeiro aquilo que suporta todas as luzes da verdade, inclusive o crivo do ridículo. Seguindo a tradução de Márcio Suzuki, no artigo “Quem ri por último, ri melhor”: “de acordo com a noção que tenho de razão, nem os tratados escritos do erudito, nem os discursos do orador são capazes, por si sós, de ensinar o uso dela. Somente o hábito de raciocinar pode fazer o arrazoador. E não se pode convidar melhor os homens a esse hábito do que quando têm prazer nele. Uma liberdade de zombaria, uma liberdade de questionar tudo em linguagem conveniente e uma permissão de desembaraçar e refutar cada argumento sem ofender o argüidor, são os únicos termos que de algum modo podem tornar agradáveis as conversas especulativas”. Somente uma conversa desimpedida pode proporcionar o uso pleno da razão. E o “wit”, palavra e difícil tradução para o português que significa algo como um dito espirituoso, um chiste, junto com o humor, permite uma conversa agradável e polida, na qual, Shaftesbury diz: “Em matéria de razão, mais se dá em um minuto ou dois, por meio de questão e resposta, do que por um discurso corrido de horas inteiras”. Inclusive, para o filósofo, “sem wit e humour, a razão dificilmente pode pôr-se à prova [take its proof] ou ser distinguida”Continue lendo

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Guia de Leitura

Livros que tratam da história do riso e da história das reflexões sobre os seus desdobramentos intelectuais, morais e sociais

17 abril, 2015 | Por Isabela Gaglianone

Ao longo dos séculos o homem tem teorizado de maneiras diferentes a função e as motivações do riso. Escárnio, zombaria, caricaturas, bufonaria tem sentidos críticos ácidos e profundos: o homem reflete enquanto ri, portanto a história do riso é também uma história das ideias.

 

Georges Minois, “História do riso e do escárnio”

O historiador Georges Minois em História do riso e do escárnio perpassa as diferentes utilizações, ao longo dos séculos, do riso e do humor pela humanidade. O autor pesquisa, assim, a relação entre o desenvolvimento humano social e psicológico e as formas de humor. Para ele, a exaltação ou condenação de formas de humor por determinadas épocas são indicativos de suas respectivas visões de mundo. Continue lendo

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