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Vário som – Editora Patuá

1 novembro, 2013 | Por Isabela Gaglianone

Publicado no ano passado pela editora Patuá, Vário som, de Elisa Andrade Buzzo, foi um dos livros finalistas do prêmio Jabuti de 2013 na categoria de poesia. O livro foi elaborado pela poeta em uma temporada passada em Lisboa, em sua maior parte na Rua Nova do Almada, próxima ao Cais do Sodré. Eliza já havia publicado três outros livros: Noticias de ninguna parte (Limón Partido, em 2009), Kanto retráctil/ Canción retráctil (Yiyi Jambo/ La Cartonera, em 2010) e  Se lá no sol (pela editora 7 Letras, em 2005). Além disso, também já havia participado de diversas antologias. Segundo Andréa Catropa, em resenha à revista literária Cisma, há, ao longo do livro, o desenvolvimento de um recurso formal responsável pela própria arquitetura de sua construção, representativo de um amadurecimento na obra da poeta: “a princípio, assemelha-se a uma desconstrução do verso, que quase se dissolve na prosa. Mas quando o observamos mais detidamente, percebemos o quanto ele funciona como um recurso construtivo e coesivo, que impele à leitura certo ritmo, cada verso levando adiante como os trilhos que conduzem os elétricos da capital lusitana”.

O título Vário som foi retirado de um soneto de Camões, que aparece como epígrafe, porém mesclado a versos de Louis-Jean Thibault. A mistura de referências poéticas perde-se numa espiral de correspondências da condição de viajante, de leitor e de escritor. O livro tem um tom intimista, um tanto solitário, marca a condição de estrangeiro de maneira literal mas também amplamente metafórica. Estrangeiro no próprio corpo sem ser alheio ao seu presente. A problematização da identidade que, não por acaso, encontra na figura de pássaros um contraponto, não relacionado à liberdade, mas à clausura das gaiolas.

crês que uma nova cidade
…………………………………..te trará nova vida
espaço desconhecido em que podes ser quem
quiser pentear os cabelos à revelia e decerto a
fúria é tamanha que descobres e sabes mais e
melhor do que seus sonolentos habitantes há
tanto adormecidos de seus encantos porém
entornas-te a cair em ti mesmo indissociável
espiral de angústias e silêncios

A editora Patuá – “Livros são amuletos” – propõe-se uma alternativa no mercado editorial para a publicação de autores cujos trabalhos não tenham encontrado espaço nas grandes editoras. A Patuá foca seu interesse em publicações de literatura brasileira contemporânea, sobretudo em forma de poesia, mas também publica contos, crônicas e romances. O editor e poeta Eduardo Lacerda, que transformou a casa no escritório e estoque da editora, é filho de pai de santo e explica, patuá é um amuleto de origem africana: “Para muitos, é uma forma de proteção, mas, para a gente, é uma forma de enfrentamento”. Sobre o recente sucesso da editora, em destaque principalmente após a indicação de Vário som ao Jabuti, ele afirma: “quero é ter liberdade de fazer coisas como publicar o primeiro livro de um menino que eu acredito. Isso é ser uma editora independente”.

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