O descredenciamento filosófico da arte, de Arthur C. Danto, desenvolve interessantes considerações estéticas, suscitadas pelas análises da filosofia e da arte, tanto modernas quanto contemporâneas, envolvendo sobretudo o problema do esmaecimento das distinções claras para a definição de uma obra enquanto artística.
Publicado no Brasil pela editora Autêntica, com tradução realizada pelo professor Rodrigo Duarte, o livro representa relevante contribuição para as discussões estéticas em torno da arte contemporânea.
A obra traz nove ensaios, que abrangem diferentes perspectivas, porém tendo como pano de fundo a filosofia da história da arte. Danto busca explicar o motivo pelo qual a arte tem uma história. Entre os textos, há o ensaio “O fim da arte”, em que o autor analisa a filosofia enquanto revelada pela arte que atinge um fim histórico próprio, pois as obras de arte teriam, segundo ele, uma dimensão histórica inerente e inextinguível. Outros ensaios, por outro lado, tratam de algumas questões filosóficas concernentes às artes, como beleza, estilo, autonomia, política, interpretação, expressão, incorporação, representação.
Como diz Jonathan Gilmore, professor de Filosofia da Arte e Estética da Columbia University, na apresentação ao livro, “o que é impactante na escrita de Danto é o quão substancial é o relacionamento entre sua filosofia e a arte que lhe é contemporânea […] os seus ensaios podem ser lidos tanto como intervenções nas preocupações do mundo da arte contemporâneo quanto como as alegações filosóficas abstratas que eles expõem”.
Arthur C. Danto (1924-2013) foi professor emérito de Filosofia da Universidade de Columbia. Escreveu para as revistas The Nation, Punch Review e Artforum. Seu artigo “O mundo da arte”, incluído na coletânea O belo autônomo: textos clássicos de estética, é considerado um divisor de águas da filosofia da arte no século XX.
O problema sobre a consideraçao da obra de arte, Danto expôs e desenvolveu em vários de seus livros, analisando exemplos contemporâneos. Em Após o fim da arte, por exemplo, ele diz: “o o que faz a diferença entre uma obra de arte e algo que não é uma obra de arte quando não se tem nenhuma diferença perceptual interessante entre elas. […] Eu argumentava que as questões filosóficas possuem esta forma: duas coisas externamente indiscerníveis podem pertencer a categorias filosóficas diferentes, na verdade drasticamente diferentes. […] até o século XX acreditava-se tacitamente que as obras de arte poderiam ser identificadas como tais. Agora o problema filosófico é explicar porque são obras de arte”.
Como analisa o crítico Nísio Teixeira, Danto reforça a importância da crítica: “Mais do que a necessidade da crítica, Danto diz que, no caso das artes plásticas, há mesmo algo maior: a necessidade de uma crítica filosófica”.
A Editora Autêntica disponibiliza visualização do livro.
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“[…] implicando que a arte já é filosofia numa forma vívida e se desincumbiu agora de sua missão histórica ao revelar a essência filosófica no seu coração. A tarefa agora pode ser entregue à própria filosofia, que é equipada para dar conta de sua própria natureza, direta e definitivamente. Assim, o que a arte terá atingido como sua realização e fruição é a filosofia da arte”.
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O DESCREDENCIAMENTO FILOSÓFICO DA ARTE
Autor: Arthur C. Danto
Editora: Autêntica
Preço: R$ 43,00 (256 págs.)