O livro Um tipógrafo na Colônia, do jornalista Leão Serva, é um relato histórico e jornalístico da história de seu tataravô, Manoel Antonio da Silva Serva (1760-1819), que foi o criador do primeiro jornal não-oficial publicado e editado no Brasil, em 1811, o “Idade d’Ouro”, bem como da primeira revista nacional, “Variedades ou Ensaios de Literatura”, publicada em 1812. Fundada em Salvador, sua tipografia foi a primeira de propriedade particular no Brasil-colônia.
Apesar dos feitos editoriais, bem como de seu pioneirismo, Silva Serva é hoje mais conhecido por ter popularizado as famosas fitinhas do Senhor do Bonfim, cuja origem é também descrita no livro.
Para reconstituir a história de seu antepassado, Leão Serva realizou uma pesquisa em arquivos históricos, entrevistou historiadores e revisou bibliografias sobre o tema. O jornalista contou, em entrevista: “Fui convidado para ir à Bahia nas comemorações de 200 anos de falecimento de Silva Serva, por ser um descendente da família. Lá conheci uma senhora, bem velinha, mas muito ativa, que escreveu a bibliografia dele”. Ele também revelou que o incentivo para a criação do livro foi a abertura de um concurso cultural realizado pela Folha de S. Paulo: “Quando a Folha abriu o concurso, eu me inscrevi e ganhei. A partir daí, tive seis meses para pesquisar e escrever o livro”.
O “Idade d’Ouro do Brazil” tinha quatro páginas e circulava três dias por semana, sob censura prévia. Apresentava um resumo do noticiário dos jornais europeus com meses de atraso, textos sobre fatos locais e medidas do governo e relatava a movimentação dos navios no porto de Salvador.
Conforme analisa Mauricio Puls, em artigo para a Folha, “A família foi ajustando a linha editorial do jornal (e das demais publicações da tipografia) às mudanças na conjuntura política: no início defensora do absolutismo, em 1821 adere aos constitucionalistas portugueses e, já sob o governo de d. Pedro 1º, passa a apoiar a Independência”.
Antes de tipógrafo e editor, Silva Serva tornara-se, em 1809, tesoureiro da irmandade do Senhor do Bonfim, em Salvador. Bom comerciante, ele notou que muitos fiéis usavam, como amuleto, fios que mediam 47 cm, medida correspondente à extensão do braço direito da estátua, e convenceu a igreja a produzir e vender em grande escala as “medidas do Senhor do Bonfim”. Nasciam assim as supersticiosas fitinhas que perduram até hoje.
Ao final do livro, o autor incluiu um catálogo dos livros e periódicos impressos por Silva Serva e seus sucessores, trabalho pelo qual Leão Serva ganhou o prêmio Folha Memória 2012, promovido pela Folha em parceria com a Pfizer.
Autor: Leão Serva
Editora: Publifolha
Preço: R$ 13,90 (200 págs.)