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Um tempo ininterrupto de linguagem

26 fevereiro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Invenção de Orfeu, escrito em 1952, é um dos grandes poemas da língua portuguesa e testamento literário de Jorge de Lima, considerado o mais imagético dos poetas brasileiros. Retomando o antigo mito de Orfeu, o poema, mistura de épico e lírico, reflete sobre a criação artística, através de imagens poderosas e estranhas, em versos de musicalidade única que dialogam com a lírica de Camões.

Em parceria, as editoras CosacNaify e Jatobá, homenageando a data de sessenta anos de morte do poeta alagoano, publicaram no final do ano passado esta edição especial, que conta com texto e posfácio de Fábio de Souza Andrade – professor da USP –, além de ensaios de Murilo Mendes, João Gaspar Simões e Mário Faustino. A edição traz ainda documentos inéditos: datiloscritos anotados pelo autor, carta de Ezra Pound e reproduções de época.

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Literatura

Uma barulhenta obra-prima

9 dezembro, 2013 | Por Isabela Gaglianone

A Companhia das Letras acaba de lançar, pelo selo que mantém em conjunto com a editora inglesa Penguin, os Contos da Cantuária, escritos por Geoffrey Chaucer, com tradução e notas de José Francisco Botelho, a partir da tradução, do inglês médio para o inglês moderno, feita por Nevill Coghill, também responsável pela introdução e por notas. A edição conta ainda com ensaio escrito pelo crítico Harold Bloom.

Contos da Cantuária é uma obra considerada das principais para a consolidação da língua inglesa como língua literária – em substituição ao francês e ao latim, à época ainda utilizados preferencialmente – e para a formação da literatura do Ocidente de maneira geral. Senão a principal. Ezra Pound, por exemplo, em seu livro O ABC da literatura, afirma: “Chaucer escreveu quando a Inglaterra fazia ainda parte da Europa. Havia uma só cultura de Ferrara a Paris, e ela se prolongava até a Inglaterra. Chaucer foi o maior poeta de seu tempo. Era mais conciso que Dante. […] A cultura de Chaucer era mais vasta que a de Dante; Petrarca é imensamente inferior a ambos. Não seria despropositado considerar Chaucer o pai das “litterae huamaniores” na Europa” (“apudVallias).

A obra de Chaucer consiste numa coleção de histórias de cavalaria, farsas e alegorias morais. Os contos expõem, com riqueza – através da crueza satírica do lirismo aliado ao deboche –, o universo social e cultural da Inglaterra na Idade Média. As narrativas têm como mote uma disputa entre peregrinos, para saber quem contaria as melhores histórias de cavalaria e romances, enquanto rumam em direção à Cantuária, onde pretendem visitar o túmulo de São Thomas Becket. Cada conto é narrado por um dos peregrinos do grupo. Eles abordam temas e personagens variados, representantes de todas as classes sociais, misturando, assim, entre as narrativas, anedotas, escatologias, citações clássicas, ensinamentos morais e caricaturas. Continue lendo

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