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matraca

Linguagem densa

19 maio, 2014 | Por Isabela Gaglianone

HISTÓRIA INVISÍVEL

Era o vento entrando

pela casa, abrindo seus recessos

em varandas, instando pelo

espaço sem limites, até

se defrontar com o espelho

e logo se deter, cristalizado.

 

Adivinhação da leveza, de Duda Machado, é composto por 69 poemas que trazem alguns olhares sobre a linguagem e sobre o mundo, poemas em que cotidiano, memória e reflexão estética se entrelaçam com graça e ironia. O poeta baiano quebrou com este livro (publicado em 2011) um jejum editorial de quatorze anos após a publcação de Margem de uma onda – que sucedera em sete anos o livro Crescente, coletânea de sua poesia completa até então. A poeta e tradutora Simone Homem de Mello, em resenha do livro escrita para a revista Zunái, comenta: “Ao contrário dos lacônicos esporádicos, Duda é um lacônico intenso, de modo que os quatorze anos aparentemente transcorridos em silêncio estão presentificados, tangíveis, condensados em menos de 80 páginas”. Para Duda Machado, como diz um de seus poemas, ‘o passado volta ou sequer/se foi, enquanto se transforma;/o passado/ainda está para ser;/entretanto,/subsiste/a leveza de lidar/com o que te vais tornando’.

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Artes Plásticas

Passageiro de seu tempo

9 janeiro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Alberto Martins, Sem título, 1990, xilogravura

Alberto Martins espelhou, sob o título Em trânsito, o entroncamento da poesia e das artes plásticas na composição de sua poética artística. A primeira manifestação do título foi a exposição de gravuras e esculturas, cujo catálogo, Em trânsito foi publicado pela Pinacoteca em 2007. A segunda materialização foi o trabalho de poesias no livro também intitulado Em trânsito, publicado como livro pela Companhia das Letras em 2010. Ambos os livros, assim como ambos os trabalhos, traçam um trânsito artístico, cuja poética, longe de melancólica, mostra o “frescor de certos crepúsculos”, como define Francisco Alvim na orelha do livro de poesias.

Alberto Martins formou-se em Letras pela Universidade de São Paulo em 1981 e, no mesmo ano, começou a fazer gravuras, sob a orientação de Evandro Carlos Jardim, na mesma universidade. Em 2007 a Estação Pinacoteca apresentou “Em trânsito”, exposição retrospectiva que reuniu gravuras e esculturas produzidas desde 1987. Como escritor, Alberto publicou, entre outros, os livros Goeldi: história de horizonte, vencedor do prêmio Jabuti; A floresta e o estrangeiroCais, com xilogravuras do autor; A história dos ossos, segundo lugar no Prêmio Telecom de Literatura; A história de BirutaLívia e o Cemitério Africano e a peça de teatro Uma noite em cinco atos.

O livro de poemas Em trânsito consegue deter uma percepção contundente da passagem do tempo, da experiência humana inscrita na consciência constante de um compartilhamento alheio, sentimento de estar no mundo na companhia de uma multidão de desconhecidos.

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