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Literatura

Ficção filosófica

17 dezembro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Gabriel Tarde (1843-1904)

Imbricada entre a Viagem ao centro da Terra de Júlio Verne e a Máquina do tempo de H. G. Wells, a ficção filosófica científica Fragmento de história futura, de Gabriel Tarde, propõe, a seu turno, uma visão dos séculos vindouros. A obra, publicada originalmente em 1896, é considerada uma fábula sociológica. Seu narrador vive num futuro distante, por volta do século XXXI, e conta a história de um mundo que não precisa de luz, nem de felicidade: mundo em que, extinto o sol por uma catástrofe, a humanidade decide habitar as entranhas da terra, distante de qualquer vestígio de natureza. Nossos supostos descendentes ‘trogloditas’ – não no sentido de neoprimitivos, mas como representantes de uma artificialização emancipatória da humanidade, responsável pelo florescimento de uma civilização refinada – deram início a uma utopia subterrânea, o nascimento de uma humanidade que pode tirar tudo de si mesma, para a qual a natureza ganha “o encanto profundo e íntimo de uma velha lenda, mas de uma lenda na qual acreditamos”.

O cenário atordoante que a imagem cria, serve para Tarde como desenvolvimento de um experimento ficcional para suas teorias sociológicas. Trata-se de um experimento intelectual para pensar a essência da sociedade humana, através da descrição de uma “humanidade inteiramente humana” resultante da “eliminação completa da Natureza viva, seja animal, seja vegetal, excetuado apenas o homem. Daí, por assim dizer, uma purificação da sociedade”.

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