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Artes Plásticas

O que faz de um Picasso um Picasso?

27 fevereiro, 2009 | Por admin

No último dia 19, falou-se neste blog sobre a coluna dominical de Jorge Coli que ponderava sobre a exposição “Picasso e os Mestres”, no Grand Palais, em Paris: “houve raras comparações convincentes e a interrogação intelectual da exibição foi precária”; porém, indica um possível ponto positivo, ainda que inconsciente: “mesmo se involuntariamente (…) a exposição Picasso e os grandes Mestres, destinada ao grande público, trouxe um excelente exercício para os olhos: o da comparação.”

Este artigo complementar traz uma tradução do ínicio de uma matéria publicada no Artdaily.org, que revela o sucesso financeiro da exposição que foi considerada “a mais cara de Paris”:

A exposição mais cara de Paris terminou no começo deste mês após receber críticas mordazes e desfrutar de vendas de ingressos astronômicas.

por MICHAEL DAMIANO,

Picasso e os Mestres terminou no dia 2 de fevereiro em Paris. A exposição comparou trabalhos de Picasso lado a lado com obras clássicas e modernas que porventura inspiraram o artista.

A exposição, localizada no Grand Palais com mostras paralelas no Louvre e no Museu de Orsay, conquistou sucesso comercial apesar das severas críticas. De acordo com o relatório de imprensa final, a exposição atraiu 783.352 visitantes, ou 7.270 visitas por dia ao Grand Palais. Enquanto isso no Museu de Orsay e no Louvre, calcula-se que as paralelas foram vistas por 450.521 e 300.000 pessoas, respectivamente. Apesar do custo monstruoso (€4.3 milhões) para montar a exposição mais cara da história de Paris, não é preciso aprofundar-se na aritmética para descobrir que a receita gerada foi espantosa. O preço cheio do ingresso para a exposição principal no Grand Palais era de €12 (o preço da “meia” entrada para estudantes era €8). 90.000 catálogos da exposição foram vendidos a €50 cada (só eles já cobriam mais do que o custo inicial da exposição). Some a isto os 67.000 álbuns da exposição vendidos, 14.000 cópias do livro do show infantil e 5.900 DVDs. A despeito da crise financeira, o público generosamente abriu sua carteira para esta exposição de alta publicidade.

Entretanto, assim como o dinheiro entrou, as críticas mordazes também o fizeram. (leia o artigo completo em inglês)

Picasso e os grandes Mestres - Grand Palais, Paris

Com tudo isto em mente vem a calhar a proposta de um livro recém-impresso pela Cosac Naify, cujo título é: O que faz de um Picasso um Picasso?, de Richard Mühlberger. O livro faz parte da coleção infanto-juvenil organizada pelo Metropolitan Museum of Art de Nova York, onde cada livro é como uma visita guiada às obras mais importantes dos grandes mestres da arte ocidental.

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Artes Plásticas

Como organizar exposições que ensinem a ver?

19 fevereiro, 2009 | Por admin

Como organizar mostras em que as obras interpelem o público, solicitando e estimulando o olhar? Que, em suma, ensinem a ver? Este é o epílogo da coluna dominical de Jorge Coli publicada no suplemento Mais! da Folha de São Paulo, sobre a exposição “Picasso e os Mestres”, no Grand Palais, em Paris.

Em suma, a coluna de Coli confirma as inúmeras críticas do público especializado: “houve raras comparações convincentes e a interrogação intelectual da exibição foi precária”; porém, indica um possível ponto positivo, ainda que inconsciente: “mesmo se involuntariamente (…) a exposição Picasso, destinada ao grande público, trouxe um excelente exercício para os olhos: o da comparação.”

Ao ler o artigo, imediatamente recordei-me da exposição de Josef Albers no Instituto Tomie Ohtake, especialmente o longo vídeo – Josef and Anni Albers “Art is everywhere” de Sedat Pakay – que documenta a trajetória biográfica do casal alemão.

Recém chegado nos Estados Unidos, convidado para dar aula na Black Mountain College, foi interpelado por um aluno sobre seu plano de aulas na instituição. Albers foi sintético: “make open the eyes” [fazer com que os olhos se abram]. Esta era a mesma preocupação que, anos mais tarde, Albers teria como professor visitante na Escola de Ulm: “Eu estou aqui para abrir os olhos de vocês.”

Ainda no vídeo-documentário, há um auto-depoimento onde Albers explica: “Embora eu tenha sido chamado para vir à Yale para dar aula a alunos da graduação em pintura, eu, na verdade, não os ensinava a pintar e sim a ver [seeing].

Fica explícito que não é necessário estar em Paris – privilégio de poucos – para organizar mostras em que as obras interpelem o público. Mas, no caso de Homenagem ao Quadrado, os méritos são todos do artista.

Links

A forma perfeita de Albers, no Estadão.

Sucesso de mostra de Picasso faz museu francês abrir 24 horas, no Estadão.

Livro Josef Albers: To Open Eyes, publicado pela Phaidon, e sua resenha, em inglês.

A Revista Burlington, a qual Jorge Coli faz referência em seu artigo.

Josef Albers - Homenagem ao Quadrado

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