Inveja, do escritor russo Iuri Oliécha (1899-1960), novela aclamada como um acontecimento literário radicalmente novo no ano de sua publicação, 1927, acaba de ser publicada no Brasil pela editora 34, com tradução de Boris Schnaiderman.
A novela recebeu novas e complexas leituras ao longo do tempo; trata-se de uma sátira mordaz e crítica implacável quanto aos ideais socialistas, porém marcadamente poética.
A trama vertiginosa beira o nonsense. É complexa a ambiguidade psicológica dos personagens, a exaltação de sentimentos contraditórios, que vão da arrogância à auto-humilhação, do amor à inveja desvairada. Satiricamente irresolutas na obra, estas contradições são articuladas por uma imaginação desenfreada e um domínio completo do tempo e do espaço narrativos: o resultado, é uma obra de metáforas audaciosas, desenvoltura soberba e de grandeza ímpar.
Ainda hoje, a novela é desconcertante sob muitos aspectos. Uma tragicomédia anárquica, cujo ritmo e intensidade verbal foram recriados com brilho pela tradução de Boris Schnaiderman.