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Educação emancipatória

26 janeiro, 2015 | Por Isabela Gaglianone

“Todo conhecimento de si como inteligência está no domínio de um livro, de um capítulo, de uma frase, de uma palavra” – Rancière.

Jacques Rancière, em O mestre ignorante, apresenta as cinco lições sobre a emancipação intelectual decorrentes da história do francês Joseph Jacotot (1770 – 1840), professor e filósofo da educação. Jacotot, estudioso ardoroso do Século das Luzes, no ano de 1818 deparou-se com uma situação inusitada: ensinar a língua francesa a alunos holandeses que ignoravam o francês, assim como ele ignorava o holandês. O professor resolveu utilizar uma edição bilíngue, Télémaque, e deparou-se com um surpreendente resultado positivo dos alunos na execução das tarefas. Sua descoberta foi revolucionária: não há necessidade das explicações para haver aprendizagem; pelo contrário, a palavra do mestre verdadeiramente torna muda a matéria dada, pois condiciona o aprendiz ao recebimento da explicação. Para o professor Jacotot, mais do que a concepção de um novo método, tratou-se do estabelecimento de uma proposição pedagógica que tivesse a liberdade como princípio e a emancipação como método.  Continue lendo

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Aprendizagem e instrução

23 maio, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Ivan Illich (Viena, 1926 – Bremen, 2002) foi um intelectual que teceu uma série de críticas às instituições da cultura moderna. Pensador da ecologia política, ele foi uma figura importante da crítica da sociedade industrial. Seu livro mais conhecido é Sociedade sem escolas, publicado em 1971, no qual desenvolve uma profunda crítica à institucionalização da educação nas sociedades contemporâneas. Utilizando exemplos que mostram a natureza ineficaz da escolarização, ele defende a aprendizagem autodidata baseada em relações sociais intencionais, uma intencionalidade fluida e informal. Ele indica uma necessidade de se chegar a um entendimento prévio sobre o que se entende por “escola” e propõe o que chama de “fenomenologia da escola pública”: sua definição entende a “escola” como um processo, que requer assistência de tempo integral a um currículo obrigatório, em certa idade e com a presença de um professor.

Segundo Illich, metade dos habitantes do planeta jamais colocou os pés numa escola ou teve contato com professores e, entretanto, ainda assim aprende com relativa eficiência “a mensagem transmitida pela escola: precisam de escola sempre e sempre mais”. A escola “os instrui na sua própria inferioridade […]. Desse modo os pobres são despojados de sua autoestima, pela submissão a uni credo que garante a salvação apenas pela escola”. Continue lendo

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