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Artes Plásticas

Como organizar exposições que ensinem a ver?

19 fevereiro, 2009 | Por admin

Como organizar mostras em que as obras interpelem o público, solicitando e estimulando o olhar? Que, em suma, ensinem a ver? Este é o epílogo da coluna dominical de Jorge Coli publicada no suplemento Mais! da Folha de São Paulo, sobre a exposição “Picasso e os Mestres”, no Grand Palais, em Paris.

Em suma, a coluna de Coli confirma as inúmeras críticas do público especializado: “houve raras comparações convincentes e a interrogação intelectual da exibição foi precária”; porém, indica um possível ponto positivo, ainda que inconsciente: “mesmo se involuntariamente (…) a exposição Picasso, destinada ao grande público, trouxe um excelente exercício para os olhos: o da comparação.”

Ao ler o artigo, imediatamente recordei-me da exposição de Josef Albers no Instituto Tomie Ohtake, especialmente o longo vídeo – Josef and Anni Albers “Art is everywhere” de Sedat Pakay – que documenta a trajetória biográfica do casal alemão.

Recém chegado nos Estados Unidos, convidado para dar aula na Black Mountain College, foi interpelado por um aluno sobre seu plano de aulas na instituição. Albers foi sintético: “make open the eyes” [fazer com que os olhos se abram]. Esta era a mesma preocupação que, anos mais tarde, Albers teria como professor visitante na Escola de Ulm: “Eu estou aqui para abrir os olhos de vocês.”

Ainda no vídeo-documentário, há um auto-depoimento onde Albers explica: “Embora eu tenha sido chamado para vir à Yale para dar aula a alunos da graduação em pintura, eu, na verdade, não os ensinava a pintar e sim a ver [seeing].

Fica explícito que não é necessário estar em Paris – privilégio de poucos – para organizar mostras em que as obras interpelem o público. Mas, no caso de Homenagem ao Quadrado, os méritos são todos do artista.

Links

A forma perfeita de Albers, no Estadão.

Sucesso de mostra de Picasso faz museu francês abrir 24 horas, no Estadão.

Livro Josef Albers: To Open Eyes, publicado pela Phaidon, e sua resenha, em inglês.

A Revista Burlington, a qual Jorge Coli faz referência em seu artigo.

Josef Albers - Homenagem ao Quadrado

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Artes Plásticas

Exposição Franz Weissmann: Errata

2 fevereiro, 2009 | Por admin

Ontem, dia 1 de fevereiro de 2009, foi o último dia da exposição Franz Weissmann, experimentação e lirísmo, no Instituto Tomie Ohtake, aqui em São Paulo.

Vagando entre as esculturas da exposição, podia-se contemplar, no corredor à direita, ao lado do Cubo Vazado de aço inox, um grande painel informativo. Dividido cronologicamente, o painel contemplava os acontecimentos mais marcantes da década de 1950 nas seguintes categorias: panorama político internacional, panorama artístico internacional, panorama artístico brasileiro, panorama político brasileiro e a biografia de Weissmann.

Olhando de perto o ano de 1951, lia-se, entre os acontecimentos do mundo da arte no Brasil neste ano, o seguinte: “O artista Samson Flexor dá início às atividades do Atelier Abstração, em São Paulo. Integrantes: Waldemar Cordeiro, Luiz Saciolotto, Geraldo de Barros, Lothar Charoux, entre outros.”

Estive pesquisando, nos últimos dias, justamente sobre a criação do Atelier Abstração pelo imigrante romeno Samson Flexor, em decorrência da exposição de Leopoldo Raimo, na Pinacoteca, que foi o primeiro aluno do Atelier.

Surpreendeu-me o fato de não ter achado, ainda, nenhuma referência aos artistas citados pelo texto do painel na pesquisa sobre o Atelier Abstração. Mais surpreendente ainda é, percorrendo o painel, ler o mesmo conjunto de nomes, na mesma ordem, ligados à formação do Grupo Ruptura, em 1952. Esta sim é uma informação correta, mas que sugere o uso do recurso copiar e colar dos nomes dos artistas, sem usar a criteriosa ferramenta da pesquisa bibliográfica.

Se, por acaso, eu cometi uma injustiça tremenda e as informações estão todas corretas, peço imensas desculpas e retrato a palavra empenhada. Caso contrário, resta-me pedir ao curador da exposição, Marcus de Lontra Costa, e a seus pesquisadores, que façam o mesmo.

A Resposta

Senhor Tiago Pavan,

Agradecemos suas observações e retransmitimos resposta do responsável pela cronologia.
Atenciosamente,
Instituto Tomie Ohtake

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Desculpe-nos pelo equívoco.
Realmente houve um erro de digitação e revisão em nosso texto cronológico sobre a década de 1950 nas artes plásticas brasileiras.
Os principais integrantes ou artistas próximos do Ateliê Abstração (1951) dos quais temos notícia foram: Leopoldo Raimo, Jacques Douchez, Norberto Nicola, Wega Nery e Alberto Teixeira.
Por mais que alguns dos artistas que fundaram o Grupo Ruptura em 1952 tenham freqüentado o grupo de Flexor, obviamente não justifica sua menção em nossa linha do tempo como principais participantes do Ateliê Abstração.

Alvaro Seixas

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