Certa noite, Shizuka Kanai relembra em retrospecto a tomada de consciência da própria sexualidade. Vita sexualis, de Ogai Mori, acompanha essa linha de pensamento íntimo sob a forma de diário, ao longo de uma narrativa que é considerada patrimônio cultural pela Unesco, pois traça um panorama vasto da maneira como a vida íntima era tratada no Japão na década de 1910. Autobiográfica, a história acompanha o desenvolvimento sexual do protagonista, desde as mais tenras e inocentes experiências, aos seis anos, até seu encontro com uma cortesã profissional, aos vinte e um anos, quando sai do Japão para estudar na Alemanha. Toda a narrativa, porém, ocorre sob o signo da discrição tipicamente japonesa da época. A obra não tem o erotismo que seu título sugere, antes explora o conteúdo psicológico de observações e reflexões do protagonista.
O livro é mais do que uma lasciva novela erótica, sua riqueza, sobretudo enquanto história social, de valores e costumes, é notável. Continue lendo