“Fala-se em máquinas de guerra, mas nenhuma máquina é pacífica, Walser”.
A máquina de Joseph Walser, do talentoso escritor português Gonçalo M. Tavares integra a tetralogia “O reino”, dedicada a pensar o período de guerras e pós-guerras, colocando em questão o mal e a violência, através da rara capacidade literária do autor para combinar ficção e investigação filosófica.
Joseph Walser é um funcionário pacato, metódico, cuja vida é padronizada pela repetição dos movimentos da máquina industrial que ele opera. Nada interfere em sua estabilidade cotidiana, verdadeira personagem-máquina em um mundo de máquinas: nem mesmo a proximidade da guerra, sequer a invasão o distraem de sua jornada, pontuada pela dedicação à sua coleção de peças únicas.
A relação paradoxal e estreita entre homem e máquina estende-se à relação entre sociedade e modernidade e à própria condição humana, maquinizada. Continue lendo