A arte contemporânea tornou menos nítidas as fronteiras entre o mundo e o museu. Instalações nas ruas, grafites nas galerias, artes de deriva são exemplos. Também o é uma arte considerada por muitos ingênua, composta por esculturas feitas com madeira encontrada na mata por um artista popular sergipano, exibida em São Paulo até dezembro, que provoca o ressurgimento da questão sobre a validade artística: o delicado trabalho de Cícero Alves dos Santos, o Véio, rompe preconceitos e apaga a suposta linha divisória entre arte popular e erudita.
Feitas sobretudo com galhos, troncos e raízes, suas esculturas ganham exposição na Galeria Estação, com curadoria do crítico Rodrigo Naves, e também uma bela análise, no livro Véio – Esculturas, publicado pela WMF, com textos do crítico. Tanto a exposição quanto a publicação do livro visam proporcionar uma ampliação da recepção da potência significativa da obra deste artista. O livro sugere que diante dos trabalhos de Véio, artista visionário que, vivendo em uma região em que são rígidos os limites entre campo e cidade os extrapola, estabelecem-se questões amplas sobre a conceituação do que seja arte.