“Chegado a esse ponto, de onde não mais se vê o lugar de partida, resta apenas tocar para a frente. Não ter para onde voltar e saber que não é a partir daqui que inicio”.
Rodrigo Naves, conhecido como um dos críticos de arte mais relevantes e atuantes do cenário brasileiro, é também um surpreendente escritor. Seus contos caracterizam-se por um aspecto seco, em que a linguagem desdobra-se, sobrepujando o enredo, as personagens, a narrativa, seu espaço e seu tempo. Seu trabalho analítico como crítico espelha-se nos breves textos de O filantropo pela captação instantânea daquilo que é narrado. Seus contos, construídos sobre poucas e precisas palavras, ficam num rico limiar entre ensaios e poemas em prosa e, ali muito bem equilibrados, criam um “sólido chão prosaico” e debruçam-se sobre temas éticos. Ao longo do livro, de história em história, o “filantropo” que dá nome à obra vai sendo paulatinamente construído. Continue lendo