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Guia de Leitura

Escritores do absurdo

3 julho, 2015 | Por Isabela Gaglianone

Diferente do fantástico, o absurdo cala em si um lado de humor negro do existencialismo.

 

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Daniil Kharms, “Os sonhos teus vão acabar contigo”

Daniil Kharms, um dos pioneiros do absurdismo, foi, enquanto poeta e dramaturgo, considerado um dos mais autênticos e talentosos escritores da vanguarda russa. Os sonhos teus vão acabar contigo é um título que parece pairar em prenúncio, pois seu autor foi um dos cruéis exemplos do destino dos artistas na ditadura stalinista, culpado por divergir, estética e filosoficamente, do chamado “realismo socialista”,  morreu, abandonado numa prisão psiquiátrica a ponto de definhar de fome e ter o corpo devorado por ratos.

A mistura de gêneros desta coletânea de textos de prosa, poesia e teatro de Kharms – construída como uma “polifonia formal” – é, sob sua pena, peculiarizada por uma comicidade e um caráter absurdo, completamente originais: entre paródias, o grotesco serve-lhe como elemento simbólico sintetizador de uma poética absurdista da vida cotidiana banal.

Seus textos dialogam com a arte a que são contemporâneos, mas também com o que há de mais profundo no dramático da própria condição humana [Confira Matraca]. Continue lendo

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Crítica Literária

Witold Gombrowicz: Trá-lá-lá

11 dezembro, 2012 | Por Isabela Gaglianone

Witold Gombrowicz escolheu para si o signo da imaturidade.

“Pois os Maduros sentem profunda aversão pela imaturidade, e nada lhes parece mais odioso do que um ser imaturo. (…) Então, como tudo isso vai terminar? Aonde chegarei seguindo por este caminho? Como se formou em mim (pensava eu) este fascínio pela imaturidade? Seria por eu viver num país repleto de indivíduos rudes, medíocres e efêmeros, que não se sentem bem num colarinho engomado, e onde, em vez da Melancolia e do Destino, são a Inabilidade e a Bisonhice que gemem pelos campos? Ou talvez eu vivesse numa época instável, que a cada instante inventava um novo lema e um novo mote, contorcendo o rosto da melhor forma possível – numa época transitória? …” (Ferdydurke, p. 30).  Continue lendo

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