Arquivo da tag: Manuel da Costa Pinto

Literatura

Preciosidade historiográfica e literária

17 janeiro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Após dezoito anos esgotado no mercado editorial brasileiro, volta às livrarias o primoroso romance Mina R, de Roberto de Mello e Souza, (1921-2007), irmão do crítico literário Antonio Candido. O livro foi publicado no ano passado pela Ouro sobre Azul, fora editado em 1973 pela Duas Cidades e, em 1995, pela Record. A nova edição traz como apêndice quatro críticas elogiosas, escritas por Boris Schnaiderman – segundo quem, Mina R é “um livro cuja ausência em nossas livrarias, esses anos todos, era uma prova pungente de nossa miséria cultural” –, Berta Waldman, Giuseppe Carlo Rossi (especialista italiano em língua e literatura portuguesa e brasileira) e Manuel da Costa Pinto.

O livro destaca-se por sua desenvoltura literária e por ser uma das poucas obras de ficção sobre a Segunda Guerra Mundial. As situações e personagens do romance foram reinventados, porém com respaldo histórico baseado na própria vivência do autor, que integrou a Força Expedicionária Brasileira (FEB) e participou na Campanha da Itália em um batalhão encarregado de desarmar minas. A mina R que dá título ao livro é um tipo de artefato que continha 5 kg de dinamite e um poder de impacto de 180 kg, considerado na época como o mais perigoso de todos: o livro narra o enfrentamento do protagonista com essa arma letal. “Acho que quando você desarma mina a guerra fica sendo só sua e que cada mina é uma guerra que você ganha. Sozinho”, diz o narrador.

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Literatura

Felisberto Hernández e a fantasia poética

14 janeiro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

O uruguaio Felisberto Henández é um dos escritores mais originais da literatura ocidental. A editora Grua – cujo catálogo é excelente e ainda enxuto – publicou As hortênsias, em edição bilíngue, com tradução feita a quatro mãos por Pablo Cardellino Soto e Walter Carlos Costa. A tradução consegue com êxito verter para o português o “idioleto” felisbertiano, como analisa o poeta Ricardo Corona em artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo. Segundo Corona, “pode-se afirmar que suas histórias estão para a literatura fantástica como a prosa poética de Lautréamont (outro uruguaio) está para o surrealismo”; para ele, o leitor “ao ler o volume, perceberá que a revelação não passa pela ideia de que as histórias e personagens de Felisberto foram criadas para surpreender, mas talvez para permanecerem suspensas no inefável, nos acontecimentos em estado contínuo de poesia”. Nas palavras dos tradutores, “É um tipo de fantástico único, expresso em uma língua inconfundível”.

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