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Literatura

Prosa alegórica

28 abril, 2015 | Por Isabela Gaglianone
desenho de Degas.

esboços de Degas.

Nos pampas, em meio ao calor sufocante de fevereiro, sob a latente pressão do regime militar, um acontecimento inusitado desperta a narrativa: vários cavalos são assassinados, sem motivos aparentes ou explicações plausíveis, os corpos dos animais são encontrados, vítimas impotentes de tiros à queima-roupa.

Em Ninguém nada nunca, o argentino Juan José Saer narra de maneira oblíqua, reconhecível, mas não realista. Traça uma reflexão literária contundente sobre o mal-estar do homem no mundo, que perpassa a tensão e o mistério dos enigmáticos, e sobretudo alegóricos, abates dos cavalos.

Numa tradução inventiva do real, avessa à pura representatividade, a prosa de Saer aumenta a perceptividade simbólica do mundo e conserva no vazio as incompreensões milenares, irradiando-as, porém, ao infinito.  Continue lendo

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