Estive lendo o blog Beyond Hall 8, que se auto-denomina uma plataforma para discussões sobre a publicação de livros, com uma perspectiva internacional, voltada para um público internacional. Além disso, o blog é patrocinado pela Feira do Livro de Frankfurt.
Num artigo de 29 de janeiro deste ano – 2009 -, o autor, Edward Nawotka, faz um comentário e dá o seu palpite sobre o prêmio Best Translated Book of 2008 [Melhor Livro tradução Traduzido – para o inglês – de 2008]. A aposta é que o romance 2666, de Roberto Bolaño, traduzido do espanhol por Natasha Wimmer, será o vencedor tanto do Best Translated Book of 2008 quanto do National Book Critics Circle.
Entretanto, o mais interessante do artigo vem logo em seguida. Nawotka pondera se o interesse por Bolaño irá se sustentar por muito tempo e, principalmente, nos faz lembrar que, há alguns anos atrás, W.G. Sebald atravessou um fase similar de interesse dos leitores e da crítica, mas sumiu de vista nos dias de hoje.
W. G. Sebald, alemão, faleceu num acidente de carro há 8 anos, em dezembro de 2001. O autor é pouco conhecido no Brasil. Um reflexo disto pode ser visto no fato de que, na enciclopédia Wikipedia, não há o artigo do escritor em nossa língua.
Sebald teve dois de seus romances publicados pela Companhia das Letras no ano passado (2008). Austerlitz, de 2001, e Vertigem, de 1990, ambos traduzidos por José Marcos Mariani Macedo. Os outros dois títulos públicados em português são da editora Record: Os Anéis de Saturno, de 1995, e Os Emigrantes, de 1992.
A revista Trópico publicou, na época do lançamento de Os Anéis de Saturno, em 2002, um ótimo artigo sobre o escrito alemão. Assinado por Flavio Moura, o texto revela que “o culto a uma morbidez silenciosa, a um mundo de sombras que já desistiu de se iluminar, é uma constante nos livros do autor” e “em certas passagens temos a impressão de que o narrador é um médico com olhos apenas para as enfermidades, sejam elas perpetradas pela passagem do tempo ou pela ação do homem.”
Leia o obtuário de W. G. Sebald no The Guardian.
Sobre Austerlitz, o último romance de W. G. Sebald:
“O professor de história da arquitetura Jacques Austerlitz explora a estação ferroviária de Liverpool Street, em Londres, coletando material para pesquisas, quando é tomado por uma visão que talvez o ajude a explicar não a ‘arquitetura da era capitalista’, mas o sentimento incômodo de ter vivido uma vida alheia. A partir dessa experiência, suas andanças pelas ilhas britânicas e pelo continente europeu, sua mania fotográfica e sua memória minuciosa ganham ímpeto bem mais que acadêmico – Austerlitz passa a reconstruir sua própria biografia. Para cumprir a tarefa – ou seu destino -, o herói do romance terá de ir e vir entre várias décadas, muitos países e os cenários mais díspares – um lar protestante no interior de Gales, um internato britânico, uma biblioteca em Paris, fortificações, palácios, campos de concentração, monumentos e banheiros públicos. No fim da viagem – que converterá a biografia mais íntima do professor em cifra da história européia no século XX -, está o momento em que tudo começou, com outros nomes, em outra língua, em outra estação ferroviária, quando os horrores da Segunda Guerra começavam a se anunciar.”
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