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Crítica Literária

Morte da tragédia, crise da cultura

8 julho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Frederic Leighton, “Electra”

“O que eu identifico como ‘tragédia’ em sentido radical é a representação dramática ou, mais precisamente, a prova dramática de uma visão da realidade na qual o homem é levado a ser um visitante indesejável no mundo”.

Composto de início como tese de doutoramento a ser defendida na Universidade de Oxford, A Morte da Tragédia, de George Steiner, trabalho foi a princípio, tragicomicamente, condenado, pois sua redação não atendia às exigências de uma boa dissertação acadêmica. Mais tarde, não só o ensaísta tornou-se professor na referida universidade, como este escrito transformou-se em obra de referência na crítica e nos estudos sobre o destino da tragédia

Steiner, notório por seu humor e ironia, apura neste ensaio os sentidos para ler e escutar inclusive os detalhes lexicais e tonais e identificá-los como sintomas do declínio que busca descrever. Assim, na esfera da linguagem, ele interpreta o fenômeno trágico como expressão determinada não pela vida, mas sim por uma ideia que resume uma visão de mundo. A tragédia é, nos termos do próprio autor, uma “metafísica do desespero”.  Continue lendo

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matraca

Do complexo fenômeno trágico na modernidade

4 junho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Cena da peça “La beauté del diable” com o ator Koffi Kôkô, apresentada no Brasil em 2012.

O livro Tragédia moderna, do crítico Raymond Williams, pensa a permanência do trágico após o fim da tragédia clássica. Williams, que foi um dos mais influentes pensadores e críticos da “Nova Esquerda” inglesa, pontua com os universos romanescos de Tolstói e D. H. Lawrence sua análise das obras de alguns dos grandes dramaturgos modernos e contemporâneos: Tchekhov, Pirandello, Ionesco, O’Neill, Beckett, Camus, Sartre e Brecht.

O autor amplia o conceito de tragédia, que, segundo diz, “chega a nós a partir da longa tradição da civilização européia”. Ele analisa: “Tendo separado sistemas trágicos anteriores das suas sociedades reais, levamos a cabo uma similar separação na nossa própria época, tomando como lógico que a tragédia moderna possa ser discutida sem referência à profunda crise social de guerra e revolução, no meio da qual todos nós temos vivido. Continue lendo

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