“O que eu identifico como ‘tragédia’ em sentido radical é a representação dramática ou, mais precisamente, a prova dramática de uma visão da realidade na qual o homem é levado a ser um visitante indesejável no mundo”.
Composto de início como tese de doutoramento a ser defendida na Universidade de Oxford, A Morte da Tragédia, de George Steiner, trabalho foi a princípio, tragicomicamente, condenado, pois sua redação não atendia às exigências de uma boa dissertação acadêmica. Mais tarde, não só o ensaísta tornou-se professor na referida universidade, como este escrito transformou-se em obra de referência na crítica e nos estudos sobre o destino da tragédia
Steiner, notório por seu humor e ironia, apura neste ensaio os sentidos para ler e escutar inclusive os detalhes lexicais e tonais e identificá-los como sintomas do declínio que busca descrever. Assim, na esfera da linguagem, ele interpreta o fenômeno trágico como expressão determinada não pela vida, mas sim por uma ideia que resume uma visão de mundo. A tragédia é, nos termos do próprio autor, uma “metafísica do desespero”. Continue lendo