Literatura

A origem da origem

2 abril, 2014 | Por Isabela Gaglianone

“Eu te amo, diz o texto. Talvez entre o eu te amo e o amor propriamente dito haja um espaço intransponível. Talvez o tempo que passa. Mas não apenas. Talvez um inevitável desencontro. Essa incoerência. Leio o texto como se fosse parte de um romance. Talvez seja isso, e quando o amor acaba resta apenas a ficção”.

 

Carola Saavedra está colocada entre os vinte melhores jovens escritores brasileiros escolhidos pela revista Granta. Naturalizada brasileira aos três anos de idade, considera a língua portuguesa como sua pátria.

Tendo já publicados, no Brasil, três romances – Toda terça (2007), Flores azuis (2008) e Paisagem com dromedário (2010), todos também publicados pela Companhia das Letras – em O inventário das coisas ausentes, ela manteve a forma de fazer literatura exploradas nos trabalhos anteriores: “Quando conto uma história, com ela vem outra”, diz a autora. Aqui, há duas histórias, ligadas pela questão que é tema do livro: a conjugação da vida e da narrativa ao longo da escrita de um romance. 

No blog da Companhia das Letras, Saavedra disse: “Afinal, de onde vêm as histórias? É possível criar algo totalmente novo? Como ocorre esse processo misterioso que transforma os fatos e as impressões da vida cotidiana em literatura?  Essas são algumas das perguntas que me interessavam ao começar a escrever o meu novo romance O inventário das coisas ausentes. Nele não há respostas, claro, mas há um jogo de enredos, de narrativas que recriam alguns aspectos do processo”.

O livro de Saavedra levanta as seguintes questões: como falar do outro sem falar de si e como falar de si quando a sua própria vida é marcada pelo abandono, consequentemente pelo impalpável? O inventário das coisas ausentes remete à sua própria estrutura narrativa. Através de tramas paralelas, que por vezes se entrelaçam e por vezes seguem independentes, o romance investiga o próprio fazer literário, a memória – o amor e as marcas deixadas pela ausência.

A autora, em entrevista, disse achar que “em O inventário das coisas ausentes o amor não é um protagonista como nos livros anteriores, o amor aqui é antes de tudo uma possibilidade, e cada personagem o vive (ou não) à sua maneira”. Segundo Saavedra, “há uma frase no livro que diz algo nesse sentido “quando o amor acaba, resta apenas a ficção”, ou seja, a história desse amor, e como cada um dos envolvidos o guarda na memória”.

 

A Companhia das Letras disponibiliza um trecho para visualização.

 

O INVENTÁRIO DAS COISAS AUSENTES

Autor: Carola Saavedra
Editora: Companhia das Letras
Preço: R$ 24,15 (128 págs.)

 

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