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Felicidade libertina

8 junho, 2015 | Por Isabela Gaglianone
Egon Schiele

Egon Schiele

Crítica literária e professora de literatura, Eliane Robert Moraes, junto com a ensaísta argentina Beatriz Sarlo e com o filósofo Eduardo Jardim, participará da palestra de abertura da FLIP deste ano, intitulada “As margens de Mário” e do debate sobre literatura e erotismo, mesa por sua vez intitulada “Os imoraes”, que dividirá com o escritor Reinaldo Moraes e que será, segundo o curador Flip, “um contraponto a este erotismo de mercado” que faz sucesso atualmente.

Eliane, organizadora da Antologia poética erótica brasileira, a ser lançado pela Ateliê Editorial durante o evento em Paraty, acaba de ter, pela editora Iluminuras, reeditado seu ótimo estudo Sade – A felicidade libertina.

Neste estudo, uma introdução ao marquês de Sade para o leitor brasileiro, Eliane Robert Moraes mostra a viagem como um assunto que é o ponto de partida dos libertinos. A autora convida, pois, a acompanhar a trajetória lúbrica dos personagens, em um caminho que, por um lado, apresenta o universo de um escritor que, considerado vulgarmente como “caso clínico”, é hoje tipo um dos mais notáveis “homens de letras” do século XVIII europeu, e que, por ouro lado, propõe um roteiro literário e filosófico em que a surpresa se torna, por excelência, o elemento deflagrador da sensualidade.  Continue lendo

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Filosofia do bom humor

30 janeiro, 2015 | Por Isabela Gaglianone

El Greco, “Alegoria com menino acendendo vela na companhia de um macaco e de um tolo”

David Hume fala da “agradável melancolia” necessária ao estudo filosófico. O tédio, a melancolia, o bom humor são algumas das questões que embasam a chamada “arte de viver”, e que permeiam noções estéticas, morais e políticas de todo o Iluminismo. É o que o professor Márcio Suzuki, em A forma e o sentimento do mundo, lançado pela editora 34 no final do ano passado, investiga, com sua peculiar prosa ensaística, erudita e original.

Em sua análise, aborda filósofos como David Hume, Adam Smith, Francis Hutcheson, Adam Ferguson, Immanuel Kant, bem com escritores como Laurence Sterne. Suzuki mostra como suas ideias filosóficas englobam usos práticos e morais de atividades como a conversação, o jogo, a caça, e todas as formas de “distração”, de preenchimento do tempo destinado ao ócio em geral. As formas de humor, de diversão, de devaneios e de atividades que estimulam o lúdico, ainda que não tenham utilidade prática imediata, são ricas aberturas à criatividade e vias de um filosofar estimulante.

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Imagem e pensamento

7 março, 2014 | Por Isabela Gaglianone

“Goya não é somente um dos principais pintores de sua época: é também um dos pensadores mais profundos daquele período.”

Tzvetan Todorov, semiólogo e historiador de origem búlgara, em Goya à sombra das luzes analisa a influência da filosofia iluminista e as consequências de uma doença na obra do artista Francisco Goya. O livro acaba de ser lançado no Brasil pela Companhia das Letras, com tradução de Joana Angélica d’Avila Melo.

Em entrevista, publicada no jornal Corriere della Sera, Todorov afirmou: “Como Goya, temo o messianismo político”. Para o autor, Goya foi “um intelectual que conseguiu refletir de modo profundo sobre o que acontecia ao seu redor”; segundo sua análise, “ele era muito influenciado pelos iluministas espanhóis do final do século XVIII e assistiu à invasão da Espanha do lado das tropas napoleônicas que combatiam, pelo menos teoricamente, em nome dos direitos humanos e dos ideais das Luzes. O espetáculo das atrocidades cometidas tanto pelos franceses quanto pelos guerrilheiros espanhóis o fez refletir sobre a guerra. Foi assim, antecipadamente aos seus tempos, que podemos considerá-lo como um contemporâneo”.  Continue lendo

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Os paradoxos da corrupção

18 fevereiro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

 

“O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos demais, não deixa de ser mais escravo do que eles. Como adveio tal mudança? Ignoro-o. Que poderá legitimá-la? Creio poder resolver esta questão”.

(Rousseau, na tradução brasileira de Lourival Gomes Machado).

 

O pensamento de Rousseau abre um abismo entre o ser e o dever ser, onde o dever ser aparece como uma exigência de realização. É assim que Olgária Matos define o Segundo Discurso – Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens – como uma “arqueologia da desigualdade”, termo também utilizado por Bento Prado Jr., em “Rousseau: filosofia política e revolução”.

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