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cinema

Moby Dick, Woody Allen e Carta a D.

10 fevereiro, 2009 | Por admin

O site da Cosac Naify ostenta, em sua belíssimo página em preto e branco, uma coluna com os livros mais vendidos pela editora no ano passado, 2008. As três primeiras posições – como o título deste artigo já denunciou – são, nesta ordem:

Carta a D. – História de um amor, do austríaco André Gorz;

Moby Dick, de Herman Melville;

Conversas com Woody Allen, entrevistas a Eric Lax.

Carta a D., o primeiro colocado, foi lançado há exatamente 1 ano. No longínquo mês de fevereiro 2008. 5 mil exemplares do livro saíam das máquinas de impressão off-set da gráfica e caíam nas mãos dos leitores, em regozijo, que não tardariam a esgotá-los das prateleiras.

Moby Dick, de abril de 2008, ganhou fama por trazer a íntegra da obra, um glossário de termos náuticos, bibliografia, a relação das edições já lançadas no Brasil e fortuna crítica, além de um mapa onde pode-se acompanhar onde se passam os episódios que marcaram a nau comandada pelo capitão Ahab. Além disso tudo, virou ícone Pop ao ser declarado livro de cabeceira pelo presidente eleito norte-americano Obama.

Conversas com Woody Allen, o último dos três a ser lançado, em novembro de 2008, passou por sua 1a reimpressão já no mês seguinte, e reune, em 36 anos de conversa, todo o processo cinematográfico do diretor e suas reflexões. Foi matéria de capa da Bravo!, que aproveitou o lançamento de seu último filme Vicky Cristina Barcelona.

Se isso tudo bastasse, estaríamos todos satisfeitos. Lidos os três livros, resenhas feitas, diálogos travados, não haveria nada além de um lugar na estante ou um sebo afortunado. A questão aqui é que, partindo do princípio que este artigo está sendo veiculado num blog que reverbera os acontecimentos e opiniões de uma Livraria, e de seu respectivo Livreiro, nenhum exemplar desses 3 livros foi sequer vendido – desde o lançamento de Carta a D., há um ano – nesta humilde Livraria virtual que chamamos de 30PorCento.

Eis o desabafo editorial, que desmerece o conteúdo do blog por sua índole mercantil, mas que fazia-se necessário.

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Literatura

Obama e Moby-Dick

27 janeiro, 2009 | Por admin

Após ler o artigo Obama dá força para a literatura, por Antonio Gonçalves Filho sobre a preferência literária do presidente norte-americano pelo livro de Melville, deparei-me com um outro artigo da professora do MIT, Wyn Kelley, que analisa mais profundamente o que Obama pode ter aprendido lendo Moby Dick. Eis a parte que interessa, traduzida:

“Moby-Dick? Dificilmente alguém associaria Obama com o Capitão Ahab, um homem de paixão furiosa determinado à vingança. Ele também não assemelha-se à Ismael. Com vocação para orador como o narrador de Melville, Obama, não obstante, assumiu uma liderança política, enquanto Ishmael prefere o papel de observador.

Talvez ele seja o príncipe de uma ilha, como Queequeg? Sim, ele vem de um ilha distante do Pacífico, mas Obama tomou seu lugar na sociedade Americana como Queequeg nunca o fez. Ele tem, como Bulkington, uma alma que pode “manter a independência aberta de seu mar”? Talvez seja muito cedo para dizer.

Uma possível resposta aparece no livro de Obama, Dreams from My Father. Ao ponderar sobre seu antigo fracasso quando trabalhava como organizador de comunidades em Chicago, Obama descreve-se como “o primeiro imediato em um barco afundando” (166). Chamem-me de Starbuck?

Ismael descreve Starbuck como um “homem ambicioso e determinado.” Ele admira seu valor: “Olhando em seus olhos podia-se ver as imagens que ainda restavam dos perigos severos que ele enfrentou durante a vida.” Ismael presta homenagem à sua “dignidade venerável”, a qual ele associa com o “espírito justo de igualdade, que espalhou um manto real de humanidade sobre todos da minha espécie!”

Starbuck, porém, afunda com o Pequod. Obama tomou o leme do que ele via como um “barco afundando” e guiou-o para Washington.

Analisando mais a fundo, nós podemos concluir que Obama é menos parecido com os personagens humanos de Melville do que com as baleias, que mantém seu equilíbrio em diversas e extensas regiões. “Ó, homem!” diz Ismael, “modele-se conforme as baleias!…Fique tranquilo no equador; mantenha seu sangue fluindo nos Pólos….como a grande baleia, preserve, Ó homem! em todas as estações, a sua própria temperatura.” Talvez nosso novo presidente possua a “rara probidade da forte vitalidade individual, a rara eficiência das paredes grossas, e a rara virtude da imensidão interior” das baleias, para resistir aos perigos da natureza — ou da política Norte Americana.”

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