Arquivo da tag: cinema

matraca

A perspectiva em perspectiva

15 julho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

ícone conhecido como Theotokos de Vladimir, 1131.

O russo Pável Floriênski (1882-1937) foi matemático, inventor, geólogo, filósofo, teólogo e padre da Igreja Ortodoxa. Foi morto num campo de concentração soviético aos 55 anos. Seu ensaio A perspectiva inversa, originalmente publicado em 1919, é considerado um de seus mais importantes legados intelectuais.

Desenvolvido no entroncamento de seus múltiplos saberes, trata-se de uma reflexão sobre a representação do espaço na perspectiva inversa e na perspectiva linear, bem como as visões de mundo que ambas as formas podem acarretar.

O livro foi publicado no Brasil em 2012 pela Editora 34, com tradução de Neide Jallageas e Anastassia Bytsenko e apresentação de Neide Jallageas. Nele, Floriênski antecipa questões fundamentais da história da arte no Ocidente, analisando criticamente o domínio da representação objetiva da realidade, bem como a tendência das obras a buscarem, no observador, um ponto de vista estático e abstrato. Continue lendo

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cinema

Sondagens, exploração, sobrevôos

22 maio, 2014 | Por Isabela Gaglianone

cena de “Ladri di Biciclette”, de Vittorino de Sica

Lançamento de hoje, o livro O que é o cinema?, de André Bazin, traz uma coletânea de ensaios fundamentais, não só sobre questões do cinema em si e de sua história, mas articulando-as a suas relações com a filosofia, com a própria ideia de representação, com fotografia, teatro e literatura. Bazin tece uma crítica versátil, clara e instigante. Seus ensaios são reflexões estimulantes, que transitam da escola italiana e soviética ao universo do western e das pin-ups. Mas o autor adverte, o título “não é bem a promessa de resposta, mas antes o enunciado de um problema que o autor se colocará ao longo das páginas”.

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cinema

A enorme carga dos sonhos

13 março, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Um visionário cuja obsessão é construir uma casa de ópera no coração da floresta amazônica: a cena clássica é a transposição de um pequeno navio montanha acima. O cinema de Herzog é inconfundivelmente poético. Seu lirismo é metafórico, de maneira extravagante, porém precisa.

Fitzcarraldo é a história de um sonho, de sua impossibilidade e de sua realização. Drama que as próprias filmagens reverberaram, em si mesmas, na sua intimidade. A conquista do inútil é o diário que Werner Herzog manteve durante as filmagens, Continue lendo

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Paulo Emílio e Jean Vigo

7 outubro, 2009 | Por admin

Um dos membros do importante grupo da Revista Clima e crítico de importância fulgurante na história da intelectualidade brasileira, Paulo Emílio é pouco conhecido fora de São Paulo. Jean Vigo, que dispensa apresentações para os iniciados, idem – embora tenha admiradores por todo Brasil.

Felizmente a Cosac Naify juntou-se ao Sesc para lançar uma caixa que contempla os escritos de Paulo Emílio dedicados ao cineasta francês e 2 DVDs com a filmografia completa (pequena, pois Vigo faleceu no ápice de sua força criativa) de Jean Vigo.

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lançamentos

Cinematógrafo – um olhar sobre a história

11 agosto, 2009 | Por admin

Este livro deve sua existência à publicação em 1977 de Cinéma et Histoire, de Marc Ferro. Até então ignorados pelos historiadores, os filmes adquirem então status de fonte e agente da história. Foi assim que pesquisadores brasileiros e franceses puderam voltar sua atenção para o filme como modo de representação dos processos históricos, ou pensa-los como “lugar de memória e de identidade que se cruzam no discurso fílmico.”

Organizado por Jorge Nóvoa (UFBA), Soleni Biscouto Fressato (UFBA) e Kristian Feigelson (Paris III), Cinematógrafo – um olhar sobre a história, publicado pela Editora UNESP, divide-se em três partes: “O laboratório Teórico”, “Laboratório da Re-escrita da História – a segunda guerra e suas representações” e “Laboratórios Cruzados: filmes, memórias e identidades – representações do pós-II Guerra”, e termina com o epílogo “A cegueira branca pode ser a última. Olhares sobre um mundo mais que em crise>”. Um foco teórico pouco conhecido no Brasil.

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cinema

Moby Dick, Woody Allen e Carta a D.

10 fevereiro, 2009 | Por admin

O site da Cosac Naify ostenta, em sua belíssimo página em preto e branco, uma coluna com os livros mais vendidos pela editora no ano passado, 2008. As três primeiras posições – como o título deste artigo já denunciou – são, nesta ordem:

Carta a D. – História de um amor, do austríaco André Gorz;

Moby Dick, de Herman Melville;

Conversas com Woody Allen, entrevistas a Eric Lax.

Carta a D., o primeiro colocado, foi lançado há exatamente 1 ano. No longínquo mês de fevereiro 2008. 5 mil exemplares do livro saíam das máquinas de impressão off-set da gráfica e caíam nas mãos dos leitores, em regozijo, que não tardariam a esgotá-los das prateleiras.

Moby Dick, de abril de 2008, ganhou fama por trazer a íntegra da obra, um glossário de termos náuticos, bibliografia, a relação das edições já lançadas no Brasil e fortuna crítica, além de um mapa onde pode-se acompanhar onde se passam os episódios que marcaram a nau comandada pelo capitão Ahab. Além disso tudo, virou ícone Pop ao ser declarado livro de cabeceira pelo presidente eleito norte-americano Obama.

Conversas com Woody Allen, o último dos três a ser lançado, em novembro de 2008, passou por sua 1a reimpressão já no mês seguinte, e reune, em 36 anos de conversa, todo o processo cinematográfico do diretor e suas reflexões. Foi matéria de capa da Bravo!, que aproveitou o lançamento de seu último filme Vicky Cristina Barcelona.

Se isso tudo bastasse, estaríamos todos satisfeitos. Lidos os três livros, resenhas feitas, diálogos travados, não haveria nada além de um lugar na estante ou um sebo afortunado. A questão aqui é que, partindo do princípio que este artigo está sendo veiculado num blog que reverbera os acontecimentos e opiniões de uma Livraria, e de seu respectivo Livreiro, nenhum exemplar desses 3 livros foi sequer vendido – desde o lançamento de Carta a D., há um ano – nesta humilde Livraria virtual que chamamos de 30PorCento.

Eis o desabafo editorial, que desmerece o conteúdo do blog por sua índole mercantil, mas que fazia-se necessário.

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cinema

“Eu e Crocodilos”, de Marcela Arantes

15 janeiro, 2009 | Por admin

O Festival de Cinema Independente de Sundance (que, segundo um artigo no uol, celebra uma cinematografia, em tese, à margem da indústria), começa hoje e contém 2 produções nacionais entre os concorrentes. Sobre o longa Carmo, uma co-produção entre Brasil, Espanha e Polônia, você pode ler a respeito no Blog da Redação de Cinema do UOL.

Já o outro concorrente brasileiro, o curtametragem Eu e Crocodilos, poderá ser explorado com mais profundidade aqui neste Blog, pois o filme está disponível para ser assistido online: “Eu e Crocodilos“.

O filme foi inspirado na poesia contemporânea da inglesa Susan Wicks – desconhecida no Brasil, como de praxe -, baseado no poema “On Being Eaten By a Snake” – publicado no livro Open Diagnosis, de 1994 -, que pode ser lido abaixo:

On being eaten by a snake

Knowing they are not poisonous
I kneel on the path to watch it
between poppies, by a crown of nasturtiums,
the grey-stripe body almost half as long
as my own body, the formless black head
rearing, swaying, the wide black lips seeming
to smile at me. And I see
that the head is not a head,
the slit I have seen as mouth
is not a mouth, the frilled black under-lips
not lips, but another creature dying: I see
how the snake’s own head is narrow and delicate,
how it slides its mouth up and then back
with love, stretched to thin shapelessness
as if with love, the sun stroking
the slug’s wet skin as it hangs
in the light, resting, so that even the victim
must surely feel pleasure, the dark ripple
of neck that is no neck lovely
as the slug is sucked backwards
to the belly that is not belly, the head
that is merely head
shrinking to nameable proportions.

*fonte: The Guardian, 5 de março de 2000, “Books: The Sunday Poem – No. 59 Susan Wicks”

“Eu e Crocodilos”, com Giulia Amorim, Bia Barbosa, Patricia Soares, Victor Mendes, Ronny Kriwat e Theo Nogueira. Direção e Roteiro: Marcela Arantes © Kns Produções.

Susan Wicks

O site da Livraria Cultura possui apenas dois livros da autora disponíveis para compra, e ambos levam 6 semanas para chegarem ao consumidor. São eles, DE-ICED e NIGHT TOAD.

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cinema

Autobiografia de Ingmar Bergman

15 setembro, 2008 | Por admin

Excelente notícia para o mercado editorial e para os amantes de cinema: durante a 32 Mostro Internacional de Cinema de São Paulo será relançada pela Cosac Naify a autobiografia do diretor suéco Ingmar Bergman, esgotado no mercado há mais de 10 anos.

O livro chama-se Lanterna Mágica e o autor, Ingmar Bergman, escreve sobre episódios como a infância conturbada, o contato com a Alemanha nazista na adolescência, as crises amorosas, o trabalho no teatro.

O preço de lançamento na editora é de R$59, mas o livro poderá ser adquirido na Livraria 30PorCento por R$41.30. Aguardem o lançamento oficial!

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