Através da agência de notícias espanhola EFE, a Folha Online publicou ontem um artigo sobre um poema de autoria da brasileira Martha Medeiros e que era atribuído, através da circulação “oral” da internet, ao poeta chileno Pablo Neruda.
“o poema A Morte Devagar, da escritora gaúcha Martha Medeiros, circula – com algumas alterações – há anos na internet sem que ninguém detenha essa ‘bola de neve’, ao ponto de muitos o terem recebido como mensagem online de Ano Novo na Espanha.”
No google, a busca por Morre Lentamente, mais o nome de Neruda, leva a 19.100 resultados. Retomando o artigo anterior deste blog, o webjornalismo cultural, ou o que quer que seja essa (re)criação de informações na internet, é muito mais nociva do que parece. Se o leitor (ou ouvinte) não estiver dotado dos devidos mecanismos de apuração e senso crítico do que está sendo disseminado, a propagação de desinformação, ou contra-informação, é muito maior.
Leia o poema original de Martha Medeiros: A Morte Devagar
Compare com a adaptação feita em nome de Neruda: Morre Lentamente
Ainda poesia
A escada de Wittgenstein
A revista digital Trópico (um belíssimo exemplo de jornalismo e crítica cultural de qualidade) publicou um artigo/resenha de um livro que trata Da poesia de Wittgenstein.
O livro foi escrito pela crítica literária norte-americana Marjorie Perloff, e propõe “tratar do nexo entre vida e obra de Wittgenstein, na qual se entrelaçam problemas de lógica, linguagem e o universo cultural vienense”. O título da tradução é A Escada de Wittgenstein – A Linguagem Poética e o Estranhamento do Cotidiano (Edusp, 312 págs.), onde a autora “gravita sua exposição em torno da máxima ‘a filosofia deveria realmente ser escrita como uma forma de poesia’, extraída de ‘Cultura e Valor’, livro com anotações que Wittgenstein fez ao longo da vida sobre suas impressões acerca da cultura e do valor da obra de arte.”
Conforme Humberto Pereira da Silva, autor do artigo da Trópico, uma das principais referências de Perloff é o livro póstumo de Wittgenstein, Investigações Filosóficas, e o cotejamento entre proposições de seu pensamento e o estilo de escritores como Gertrude Stein, F. T. Marinetti e Samuel Beckett.
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