Arquivos da categoria: Literatura

Literatura

Desdobramentos entre o real e a fantasia

29 julho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Quinten Massys

 “A partir de certo momento trocaram aclive por declive e se fixaram na construção da pior imagem possível do próprio ser que as produz”.

 

Mar Negro, novo romance de Dau Bastos, conta a história de Anderline, uma alagoana cujo principal atributo é a extrema feiura, qualidade contornada por uma inteligência sagaz. Ela foge para o Leste Europeu, passa pela Polônia, Hungria, Romênia, Bulgária e Turquia: experiencia lados ruins como prisioneira da realidade, ao mesmo tempo em que busca sua identidade enquanto assumida personagem de uma ficção. Em cada parada de sua viagem, esparge uma afrodisíaca fragrância e acaba por conquistar alguns homens e, ao chegar a Istambul, consegue a proeza de transformar a sufocante burca em suporte para enfim tecer uma relação duradoura. A crítica à ditadura da beleza ressoa na prosa de Dau Bastos, encaminhando uma reflexão sobre o real e a fantasia. Um livro criativo e ousado, que desafia o estabelecimento de fronteiras da existência – “bom era o tempo em que a poesia e a prosa se uniam à religião na aposta na capacidade humana de ascender da inconstância terrena à estabilidade fundamental”.

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Literatura

Meu velho,

24 julho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

desenho de Rembrandt

O nome de Luisa Geisler é um dos mais promissores no atual cenário da literatura brasileira. Ela foi a mais jovem escritora a participar da edição especial Granta – Os melhores jovens escritores brasileiros, foi indicada ao Prêmio Jabuti de Literatura de 2013 e recebeu, em 2012, o Prêmio SESC, pelo livro romance de estréia, Quiçá, que também lhe rendeu indicação ao Prêmio Machado de Assis. Com seus contos, reunidos em Contos de mentira, venceu o Prêmio SESC de Literatura e finalista do Jabuti. Tudo isso aos “vinte e poucos anos”: Luisa nasceu em 1991, em Canoas, RS.

Seu novo romance, Luzes de emergência se acenderão automaticamente, lançado pela Alfaguara, é dotado de um humor desconcertante, capaz de criar passagens verdadeiramente cativantes sobre as incertezas do amadurecimento. Continue lendo

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Literatura

Medeia

23 julho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Alphonse Mucha, cartaz para encenação de Medeia por Sarah Bernhardt

Medeia é uma personagem terrivelmente fascinante da mitologia. Bela feiticeira, estrangeira, errante, ferida na alma pelo amor. Apaixonada, sofrida, atordoada, matou, num delírio furioso, os próprios filhos. Poderosa e assustadora, nas palavras de Horácio: “seja Medeia feroz e invicta” (sit Medea ferox inuictaque). Não há apenas uma história de Medeia. Sua presença é múltipla, engloba de uma face benéfica a uma cruel. É por isso que Medeias latinas é um ótimo lançamento da Editora Autêntica: organizado e traduzido por Márcio Meirelles Gouvêa Júnior, este rico volume traz a personagem pela perspectiva dos autores Ênio, Pacúvio, Lúcio Ácio, Varrão de Átax, Higino, Ovídio, Sêneca, Valério Flaco, Hosídio Geta, Ausônio e Dracôncio, em edição bilíngue português-latim espelhada.

Segundo o professor de Língua e Literatura Latina da UFPR Guilherme Gontijo Flores, “Márcio Gouvêa Júnior não é apenas um excelente compilador de mitos em sua versão romana – ele é um excelente tradutor, alguém capaz de devolver poesia àquilo que um dia foi poesia noutra língua, noutra cultura. E, convenhamos, isso importa, isso é o que importa; porque o leitor não vai se deparar com uma mera listagem enfadonha de variantes mitológicas. O que você tem em mãos, com estas Medeias latinas, é a chance de reexperimentar poeticamente as várias faces de Medeia dentro da cultura romana, de encarar o que há de variantes no seu conteúdo também pelas variantes da sua forma – o que só poderia ser feito por alguém que, além de erudito, é também um poeta”.

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Literatura

Estilo abarrocado

22 julho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

“O segredo da Verdade é o seguinte: não existem fatos, só existem histórias”.

A morte João Ubaldo Ribeiro é uma perda sensível à literatura brasileira. Sobretudo aos leitores que o acompanhavam semanalmente nos textos publicados nos jornais O Estado de São Paulo e O Globo.

Viva o povo brasileiro, um de seus mais célebres livros,completa, em dezembro deste ano, 30 anos desde seu lançamento. O livro havia sido publicado novamente pela editora Alfaguara em 2008 e, para comemorar o aniversário do primeiro lançamento, em novembro será lançada uma nova edição, com ensaios de Geraldo Carneiro e Rodrigo Lacerda. Segundo Lacerda, como divulgou o jornal O Estado de São Paulo, João Ubaldo fez, de Viva o povo brasileiro, “o grande entroncamento literário de sua carreira, onde todos os outros livros se encontram […] é o grande manancial, mas é simultaneamente o escoadouro de tudo”.

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Literatura

Realidade ou ficção?

21 julho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

“Margaridas”, Odilon Redon

Lançamento da Companhia das Letras, Flores artificias, de Luiz Ruffato, conta uma história que se passa com o próprio escritor, que  recebe em sua casa a correspondência de um desconhecido. Trata-se de um manuscrito, que reúne memórias de um engenheiro, funcionário graduado do Banco Mundial, Dório Finetto, escritas ao longo das suas inúmeras viagens a trabalho, como consultor de projetos na área de infraestrutura. Suas narrativas, contudo, apesar de despretensiosas literariamente, mostram um observador arguto e sensível e uma personagem capaz de se misturar com naturalidade num grupo de desconhecidos. A partir dessas observações, Finetto compôs o livro que manda à casa do escritor Ruffato Viagens à terra alheia, com histórias narradas que não foram vividas pelo próprio Finetto, e sim por pessoas que ele teria conhecido em viagens ao redor do mundo. Este livro dentro do livro Ruffato transforma no romance Flores artificiais. Partindo de um esqueleto ficcional, Ruffato, enquanto autor, não enquanto personagem do próprio livro, brinca com as fronteiras entre ficção e realidade. O livro é marcado pela força literária que é particularidade de sua obra.

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Literatura

Insignificante essência da vida

18 julho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

A Companhia das Letras lança hoje A festa da insignificância, o mais novo livro do tcheco Milan Kundera. No romance, o autor coloca em cena quatro amigos parisienses que vivem numa deriva inócua, característica de uma existência contemporânea esvaziada de sentido. Os amigos constatam que as novas gerações já se esqueceram de quem era Stálin, perguntam-se o que está por trás de uma sociedade que, em vez dos seios ou das pernas, coloca o umbigo no centro do erotismo. Profundo, ironicamente conformista, na forma, que lhe é cara, de uma fuga com variações sobre um mesmo tema, Kundera transita com naturalidade entre a cidade de Paris de hoje e sua vida esvaziada e a União Soviética de outrora, traçando um paralelo entre essas ambas as épocas e parodiando o stalinismo. Seu romance problematiza o pior da civilização e ilumina problemas da humanidade e do mundo, porém o faz com delicioso humor e mordacidade, mostrando com crueza lírica a insignificância da existência humana.

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Literatura

Entre a urbanização e a floresta

14 julho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Manaus, foto de Pedro Martinelli

A cidade ilhada, de Milton Hatoum, foi o primeiro livro de contos do autor manauense. As histórias são compostas por relances de sua experiência vivida, através de tramas brevíssimas, marcadas por uma dicção enxuta que lhes permite ter completa nitidez e poder de iluminação. As histórias nascem dos temas mais diversos: a primeira visita a um bordel em “Varandas da Eva”; uma passagem de Euclides da Cunha em “Uma carta de Bancroft”; a vida de exilados em “Bárbara no inverno” e em “Encontros na península”; o amor platônico por uma inglesa em “Uma estrangeira da nossa rua”. Hatoum trabalha esses fragmentos da memória até que adquiram outro caráter e então, adventos ao mesmo tempo do acaso e da biografia pessoal, eles afinal possam apresentar-se como imagens exemplares do curso geral dos desejos e fracassos. Sob esse curso, a fatalidade do centro imóvel do autor: “para onde vou, Manaus me persegue”.  Continue lendo

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Crítica Literária

Algo sério para ser cômico

11 julho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Ótimo lançamento da CosacNaify, a coletânea O valor do riso e outros ensaios, de Virginia Woolf, chega às livrarias, cuidadosamente traduzido pelo crítico e poeta Leonardo Fróes, também responsável pela organização e pelas notas do livro. O volume reúne 28 ensaios, a maioria com tradução inédita no Brasil.

Os ensaios foram escritos entre 1905 e 1940 e originalmente publicados como artigos para jornais e revistas com os quais Virginia colaborava. É possível notar nestes textos a escrita precisa, mesmo talento da ficcionista que, aplicado ao gênero ensaístico, mostra um olhar mais mundano, de um observador atento, ou que, investido nas resenhas, revela uma crítica perspicaz e militante.  Continue lendo

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Literatura

Sob o nome tonitruante de Stálin

10 julho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

O russo Óssip E. Mandelstam (1891-1938) é um dos maiores escritores do período soviético e do século XX. No Brasil, de sua autoria, há apenas o volume que reúne O rumor do tempo e Viagem à Armênia (respectivamente, de 1925 e 1932-33), publicado pela Editora 34 e traduzido por Paulo Bezerra. Ambas narrativas, de caráter memorialístico e reflexivo, representam com amplitude intelectual o cruzamento de culturas, vozes e estilos que povoam o universo deste tão singular autor.

Óssip E. Mandelstam faleceu tragicamente em uma prisão na Sibéria durante a era de terror stalinista. Após escrever um poema anti-stalinista, “Epigrama de Stalin” – em que o ditador aparece com enormes bigodões de barata –, foi preso, em 1934. Morreu por inanição.  Continue lendo

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Literatura

O raio que caiu duas vezes no mesmo lugar

7 julho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Damien Hirst, “The black sheep with golden horns (Divided)”, 2009

A CosacNaify lança hoje o livro A ovelha negra e outras fábulas, do escritor Augusto Monterroso, traduzido por Millôr Fernandes. A mesma tradução havia sido publicada pela editora Record em 1983, mas aquela edição, que contava também com ilustrações de Jaguar, estava há muito esgotada no Brasil. Esta nova edição, muito bem vinda ao mercado brasileiro, reelaborou completamente o projeto gráfico, obtendo um bonito resultado.

Augusto Monterroso nasceu em Honduras, foi criado na Guatemala e escolheu o México para viver. É conhecido por suas coleções de relatos breves e hiperbreves, marcados por uma singular inventividade. Em 2000, ganhou o prestigioso Prêmio Príncipe de Astúrias de Letras pelo conjunto de sua obra. “O dinossauro”, uma de suas obras mais célebres, é considerado o menor conto da literatura mundial: Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá”. 

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Literatura

Simplesmente, sua vida tinha um fundo trágico.

3 julho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

– Vá embora – disse Sandra, mas deixou a porta aberta.

Arrecife, de Juan Villoro, conta a história de Tony Góngora, que, tendo perdido boa parte da memória em consequência do abuso de todo tipo de drogas na juventude, aceita o convite de seu melhor amigo, Mario Müller, para trabalhar num resort no Caribe mexicano. Lá, tornou-se conhecido por oferecer aos clientes uma experiência extrema: o perigo controlado. Os turistas passam a ir ao luxuoso hotel dispostos a encarar situações-limite e violência em pequenas doses, numa programação recreativa que inclui sequestros-relâmpago e encontros com guerrilheiros. Até que um mergulhador do hotel aparece morto com um arpão atravessado nas costas. Uma história de crime, de amizade, amor e redenção.

A narrativa acontece em dois planos: um, o México dos anos 60, 70, da contracultura; outro, nos dias de hoje, no país em que o turismo rompe limites. O livro é político e questiona o turismo narcótico que, em última instância, Villoro entende como uma busca por perigo.

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Literatura

Honestidade implacável

30 junho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

desenho de Saul Steinberg

A Companhia das Letras lançou em março Um outro amor, segundo volume de Minha luta, o monumental projeto autobiográfico do escritor norueguês Karl Ove Knausgård – projeto que, ao todo, é composto por seis romances divididos em mais de seis mil páginas que revelam os detalhes mais íntimos da vida do autor e de seus familiares. No ano passado, a editora publicou A morte do pai, em que o leitor acompanha a infância do autor e o processo destrutivo que levou seu pai a beber até a morte. Neste segundo volume, Knausgård narra o início turbulento de seu segundo casamento e a descoberta da paternidade, conflituosa com suas ambições literárias. No livro, ele conta como, depois de se separar da primeira mulher, deixou Oslo e mudou-se para Estocolmo, onde começou uma nova vida, experimentando a perspectiva de estrangeiro.

Uma conversa com amigos durante o jantar pode se estender por cem páginas; saltos no tempo e lembranças revividas demonstram o pleno domínio do autor, cuja prosa concilia narrativas de episódios pontuais a longas digressões ao tempo interno das personagens. Na construção narrativa de Knausgård, as fronteiras entre memória e invenção são diluídas a tal ponto que a sua vida é recriada e ressignificada. Continue lendo

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Literatura

Eneida

27 junho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Eneias salvando seu Pai Anquises do incêndio de Tróia.

A editora 34 acaba de lançar uma edição bilíngue de Eneida [Aeneis], clássico de Virgílio. A edição conta com a tradução de Carlos Alberto Nunes e foi organizada por João Angelo Oliva Neto.

A obra começou a ser escrita por Virgílio em 29 a.C. e foi publicada dez anos depois, logo após a morte do autor. É notória a comparação que indica sua relevância em termos de exata equivalência, para o mundo romano, em relação à Ilíada e à Odisseia, para o mundo grego; pois faz um inventário de seus mitos, dá a medida das paixões e dos deveres humanos que tinham àquela civilização, aponta o padrão ético estabelecido para as relações sociais, inventa um passado coletivo e avança concepções de mundo, de tempo, de afetos e de história, que perduraram por mais de mil e quinhentos anos.

Quando escreveu a Eneida, no século I a.C., Virgilio já era famoso por suas Bucólicas, poema escrito em 37 a.C., e pelas Geórgicas, escrito em 30 a.C. A Eneida é um poema épico que narra a saga de Eneias, troiano salvo dos gregos em Troia e que, errante, atravessa pelo Mediterrâneo até chegar à península Itálica e tornar-se o ancestral de todos os romanos. A obra foi encomendada pelo imperador Augusto, para que cantasse sua grandeza e exortasse a origem e o espírito romanos.

Não por acaso Dante elegeu o poeta como seu guia na Divina Comédia. Outro escritor ilustre, T. S. Eliot, certa vez resumiu: “Virgílio tem a centralidade do clássico único; está no centro da civilização europeia, numa posição que nenhum outro poeta pode compartilhar”.

Atento à excepcionalidade de Virgílio e às características da métrica latina, Carlos Alberto Nunes traduziu a gesta de Eneias de forma rigorosa, inventiva e pioneira: preservou as 9.826 linhas do poema e elegeu um verso de dezesseis sílabas para fazer jus à força épica do original.

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Literatura

A catá-la acatá-la casá-la acamá-la e encarná-la

25 junho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Finn’s Hotel, ótimo lançamento da Companhia das Letras, reúne textos desconhecidos do irlandês James Joyce. O livro é composto por onze fábulas em cerca de cem páginas. A tradução brasileira foi feita por Caetano Galindo, especialista na obra do autor, responsável também pela tradução de Ulysses, publicado pela Penguin-Companhia em 2012. De acordo com Galindo, Finn’s Hotel é um interessante texto, que funciona como um “elo perdido” entre a linguagem de Ulysses e Finnegan’s Wake.

O manuscrito, descoberto no início dos anos 1990, causou alvoroço entre os estudiosos de James Joyce. Encontrado em meio aos papéis e anotações do escritor, Finn’s Hotel foi anunciado como embrião daquele que seria o mais enigmático dos livros do irlandês, o caudaloso Finnegans Wake. Uma longa briga judicial privou os leitores de acesso ao texto até agora, mais de duas décadas depois de sua aparição.

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Literatura

O foco do diabo

23 junho, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Leon Samoilovitch Bakst

O livro Um coração de cachorro e outras novelas, de Mikhail Bulgákov, apresenta quatro narrativas, traduzidas diretamente do russo pelo professor Homero Freitas de Andrade, também responsável pela seleção dos textos e pelas notas. Além das quatro novelas – “As aventuras de Tchítchikov”, “Diabolíada”, “Os ovos fatais” e “Um coração de cachorro” – o volume traz também um erudito ensaio de Andrade, “Apontamentos sobre a Prosa Satírica de Mikhail Bulgákov”, em que analisa aspectos da prosa satírica do autor e apresenta uma visão geral do gênero nos primeiros anos da literatura russo-soviética, destacando a contribuição de Bulgákov e de Maiakóvski para a renovação do gênero. Para Bulgákov, a sátira é criada naturalmente, cada vez que um escritor repara na imperfeição da vida corrente e, indignado, trabalha seu desmascaramento artístico.

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