
El Greco, “Alegoria com menino acendendo vela na companhia de um macaco e de um tolo”
David Hume fala da “agradável melancolia” necessária ao estudo filosófico. O tédio, a melancolia, o bom humor são algumas das questões que embasam a chamada “arte de viver”, e que permeiam noções estéticas, morais e políticas de todo o Iluminismo. É o que o professor Márcio Suzuki, em A forma e o sentimento do mundo, lançado pela editora 34 no final do ano passado, investiga, com sua peculiar prosa ensaística, erudita e original.
Em sua análise, aborda filósofos como David Hume, Adam Smith, Francis Hutcheson, Adam Ferguson, Immanuel Kant, bem com escritores como Laurence Sterne. Suzuki mostra como suas ideias filosóficas englobam usos práticos e morais de atividades como a conversação, o jogo, a caça, e todas as formas de “distração”, de preenchimento do tempo destinado ao ócio em geral. As formas de humor, de diversão, de devaneios e de atividades que estimulam o lúdico, ainda que não tenham utilidade prática imediata, são ricas aberturas à criatividade e vias de um filosofar estimulante.
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“O poeta está mais próximo do mundo quando carrega em seu íntimo um caos; no entanto, e este foi nosso ponto de partida, sente responsabilidade por esse caos – não o aprova, não se sente bem com ele, não se crê importante por ter em si espaço para tanta coisa contraditória e desconexa, mas odeia o caos e não perde jamais a esperança de dominá-lo em prol dos outros e de si mesmo. Para dizer algo sobre este mundo que tenha algum valor, o poeta não pode afastá-lo de si ou evitá-lo. Tem de carregá-lo em si enquanto caos, a despeito de todas as metas e planejamentos, pois o mundo se move com velocidade crescente rumo à própria destruição. […] Contudo, não se pode permitir sucumbir ao caos, mas, a partir justamente da experiência que dele possui, precisa combatê-lo, contrapondo a ele a impetuosidade de sua esperança”.