Interessante lançamento no Brasil, o livro Por que cantam os Kisêdjê, do antropólogo Anthony Seeger, apresenta um profundo estudo da música e de seu papel enquanto elemento relevante ao processo social da comunidade Kisêdjê. O estudo é resultado de mais de quinze anos de pesquisa de Seeger, que, nascido no seio de uma família de músicos respeitados, sempre interessou-se por música e performances rituais, e chegou ao Brasil, especificamente à comunidade dos Kisêdjê, como um dos pesquisadores do Harvard Central Brazil Project, coordenado por Maybury-Lewis. Seeger conviveu com os Kisêdjê por extensos períodos, ao longo dos quais pode produzir descrições etnográficas detalhadas e originais sobre eles. Os apontamentos de Seeger inovaram o estudo da música e do ritual nas sociedades ameríndias.
Seu pensamento e pesquisa são profundamente influenciados e inspirados pelas análises desenvolvidas por Lévi-Strauss nas Mitológicas. Continue lendo →
Em seu diário de viagem de 1928, a bordo da caravana da descoberta do Brasil que Mário de Andrade chamou de trabalho etnográficas, que foi publicado em livro pela Editora Itatiaia e que recebeu o nome de O Turista Aprendiz, há uma entrada no dia 5 de fevereiro de 1928, às 23 horas, na Paraíba:
“Uma das nossas danças dramáticas de que menos se tem falado são os Cabocolinhos. A culpa dessa ausência de documentação vem dos nossos folcloristas, quase todos exclusivamente literários. O que se tem registrado nos nossos livros de folclore é quase que unicamente a manifestação intelectual do povo, rezas, romances, poesias líricas, desafios, parlendas. O resto, moita.
Ora, os Cabocolinhos são caracteziadamente um bailado. Se dança. Não tem cantigas e só de longe em longe uma fala, tão esquematizada, tão pura que atinge o cúmulo da força emotiva. Imaginem só: fazia já mais de uma hora que o pessoal estava dançando, dançando sem parada, com fúria. Matroá é uma das figuras importantes do baile. É o caboclo-velho, de-certo, espécie de pajé da figuração tribal da dança. De-repente Matroá principiou uma coreografia de arquejo, brutal, braço esquerdo engruvinhado, com o arco por debaixo, duas mãos no peito, segurando a vida. Cada vez mais. Curvando, curvando, já levantava os pés custoso. O apito bateu duas feitas, parou tudo. O Reis falou pra Piramingu, Caboclo menino:
‘- Piramingu!
– Sinhô.
– Mataram nosso Matroá.
Tururu, tarára, tururu, tarára…’ A solfa continuou. O bailado se moveu de novo e Matroá foi enrolando uma perna na outra, já não levantava pé do chão mais não. Levou uns 10 minutos se movendo em pé, difícil de morrer como em todos os teatros e na vida.
Isso é que é perfeição! Fiquei tonto. Aquelas palavras puras, só aquilo. Fiquei com dó, não sei como fiquei, fiquei tonto, está certo, numa comoção danada.”
A documentação sobre os Cabocolinhos está nas Danças Dramáticas do Brasil, da Editora Itatiaia; pode ser adquirido na Livraria Cultura por R$100,00.
Há também um vídeo no Youtube cujo título ostenta o nome Cabocolinho. Entretanto, após a leitura do texto descritivo de Mário de Andrade, fica difícil crer que a tal interpretação do Coral Lourdes Guilherme, regido por Ana Judite, aproxime-se sequer da força da dança que Mário de Andrade presenciou naquele 1928.
A famigerada Filarmônica de Berlim, em parceria com o Deutsche Bank, lançaou um serviço inédito em seu website: por €9,90 você pode assistir ao vivo os concertos da filarmônica através da internet, em sua casa, no seu confortável computador, aonde quer que você esteja no mundo.
Além dos concertos ao vivo – o próximo será dia 11 de janeiro, as 19h (horário de Brasília), com o maestro Zubin Mehta e o pianista Murray Perahia (+ info) – a Filarmônica de Berlim oferece a assinatura do pacote da temporada. São €89, que dão direito a todos os concertos ao vivo da temporada 2009 e o acesso irrestrito ao arquivo de concertos da temporada 2008/2009.
Filarmônica de Berlim
Programa
Filarmônica de Berlim – Ao Vivo
11/01/2009 Zubin Mehta maestro Murray Perahia piano
Elliott Carter
Three Illusions
Ludwig van Beethoven
Piano Concerto n.4 em Sol Maior
Richar Strauss
Symphonia Domestica
17/01/2009 Bernard Haitink maestro
Gustav Mahler
Sinfonia N. 7
24/01/2009 Sakari Oramo maestro Isabelle Faust violino
Bernd Alois Zimmermann
Photoptosis
Robert Schumann
Concerto para Violino em Ré menor
Robert Schumann
Sinfonia N. 2 em Dó maior
OSESP
A OSESP só volta em março. O primeiro concerto será dia 05 de março, na Sala São Paulo, com o ainda maestro John Neschling regendo o oratório Paulus Op. 36 de Felix Mendelssohn.