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A ambiguidade como valor

27 maio, 2015 | Por Isabela Gaglianone
botticelli

Botticelli

Obra Aberta – Forma e Indeterminação nas Poéticas Contemporâneas, estudo clássico de Umberto Eco, acaba de ser reeditado pela Perspectiva.

A tese do filólogo italiano, grosso modo, baseia-se na ideia da obra de arte como inacabada, de modo a exigir de seus receptores, portanto, uma participação ativa, uma percepção peculiar entre inúmeras possibilidades interpretativas. Eco investiga o prazer estético proveniente do embate com uma obra ambígua, que concede a seu receptor a livre ressignificação contínua.  Continue lendo

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Por entre as cópias

8 dezembro, 2014 | Por Isabela Gaglianone

Marcel Duchamp

“A pesquisa dos textos sagrados sejam eles Marx ou Mao, Guevara ou Rosa Luxemburgo tem antes de mais nada a seguinte função: restabelecer uma base de discurso comum, um corpo de autoridades reconhecíveis sobre as quais instaurar o jogo das diferenças e das propostas em conflito. Tudo isso com uma humildade completamente medieval e exatamente oposta ao espírito moderno, burguês e renascentista; não tem mais importância a personalidade de quem propõe, e a proposta não deve passar como descoberta individual, mas como fruto de uma decisão coletiva, sempre e rigorosamente anônima. Desse modo uma reunião em assembléia se desenvolve como uma questio disputata: a qual dava ao forasteiro a impressão de um jogo monótono e bizantino, enquanto nela eram debatidos não só os grandes problemas do destino do homem, mas as questões concernentes à propriedade. à distribuição da riqueza, às relações com Príncipe, ou à natureza dos corpos terrestres em movimento e dos corpos celestes imóveis”.

 

Viagem na irrealidade cotidiana, de Umberto Eco, tece uma crítica ao falso e à cópia. A ironia da “cópia autêntica” é investigada pelo grande professor e intelectual italiano, à guisa de uma viagem pela costa Oeste dos Estados Unidos, visitando museus e mostrando o quanto há de “falsidade” no mundo contemporâneo, em geral, na cultura americana, em particular.

Eco perpassa analiticamente exemplos variados: as reproduções, em museus, de obras primas cujos originais encontram-se em outras partes do mundo; as construções de réplicas arquitetônicas, como o castelo construído na Califórnia com peças numeradas vindas da Europa e cujos cômodos foram preenchidos com cópias de pinturas e objetos; uma estátua de cobre na Grécia, que é cópia da “cópia autêntica” romana – cujo original com o tempo já se perdeu; a artificialidade da Disneylândia, cujas filas ele compara às do gado no corredor de abate; a transmissão manipulada das notícias pelo formato variado e efêmero dos telejornais.

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João Ubaldo e a autotradução

17 agosto, 2009 | Por admin

O autor-tradutor ou a composição-tradução, enfim, o tradução do próprio autor de sua obra é o tema deste livro: O respeito pelo original – João Ubaldo Ribeiro e a autotradução. Maria Alice Gonçalves Antunes, professora da UERJ, redigiu o capítulo introdutório dedicado à considerações teóricas e metodológicas, somos apresentados aos conceitos de autor-modelo e leitor-modelo de Umberto Eco:

“O autor-modelo é uma voz que fala afetuosamente (imperiosamente ou enganosamente) conosco, que nos quer ao seu lado, e essa voz se manifesta como estratégia narrativa, como conjunto de instruções que nos dão distribuídas a cada passo, e às quais devemos obedecer quando decidimos comportar-nos como leitor-modelo” (Seis passeios pelos bosques da ficção, Companhia das Letras, 2006, p. 18-19)

Após este capítulo-prefácio, a autora dedica o segundo capítulo para conceituar a autotradução. Distribui pelo texto 4 subcapítulos: “Autotradução: conceituação”, “Breve histórico: a autotradução e as pesquisas sobre o tema”, “A autotradução na academia” e “Autotradução e autotradutores: motivações e questões teóricas”. E depois, no último capítulo, entra no estudo propriamente dito do caso sobre João Ubaldo Ribeiro onde estabelece uma análise comparativa de originais e suas respectivas traduções.

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