Arquivos da categoria: cinema

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Sem limites e Meia noite em Paris

26 março, 2012 | Por rafael_rodrigues

Protagonizados respectivamente por Bradley Cooper (“Se beber não case”, “Esquadrão Classe A”, “Maluca Paixão”) e Owen Wilson (“Uma noite no museu”, “Marley e Eu”, “Starsky e Hutch”), os filmes “Sem limites” e “Meia noite em Paris” têm escritores como personagens principais. E, deixando de lado as tramas de cada um, ambos tocam em dois pontos que atormentam boa parte dos escritores: no caso do primeiro, o bloqueio criativo; no caso do segundo, a nostalgia de tempos não vividos.

Eddie Morra, vivido por Cooper, não consegue começar a escrever seu romance, pelo qual uma editora pagou um adiantamento. Gil Pender, vivido por Wilson, vai passar alguns dias em Paris com a noiva, e lá tenta convencê-la a se mudarem para a Cidade Luz, onde ele acredita que conseguirá inspiração para escrever bons romances.

No caso de Morra, seu bloqueio criativo é resolvido quando cai em suas mãos uma pílula chamada NZT, que tem o poder de aprimorar o desempenho do cérebro de quem a toma. Enquanto se envolve em problemas que nada têm a ver com literatura, Morra termina de escrever seu livro, mas a questão literária é deixada de lado em prol de uma trama mais atraente para o público, recheada de suspense, crimes e perseguições.

Já Gil Pender se vê enredado em uma viagem no tempo que o leva à década de 1920 em Paris, época em que lá passaram temporadas ou viveram Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald, Gertrude Stein, entre outros. Sua inquietação está no fato de achar que deveria ter nascido em outra época, a tempo de conseguir viver os anos 20 e assim ter contato com os grandes escritores e artistas que viviam na capital da França. Escrito e dirigido por Woody Allen, que por esse roteiro ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original este ano, “Meia noite em Paris”, ao contrário de “Sem limites”, está embriagado de literatura. Mas não estamos aqui para fazer comparações.

A intenção é voltar nossas atenções – na verdade, apenas destacar, iluminar, porque ambas são, talvez, insolúveis – para essas duas angústias, talvez as maiores que um escritor tenha o desprazer de vivenciar.

Bloqueios criativos são aparentemente normais – quem escreve pode ficar à vontade para relatar suas experiências. Mas, ao chegarem em determinados estágios, são desesperadores. O que fazer quando as palavras não vêm? Ou quando não há ideias sobre o que escrever? Ou, ainda, quando a dúvida entre qual caminho o personagem deve seguir é como escolher entre salvar a vida de apenas um de seus dois filhos?

Conselhos para se livrar de tais bloqueios existe, e não são poucos. Caminhar um pouco, ler alguma coisa leve, escrever qualquer coisa que lhe venha à mente, para daí, quem sabe, chegar onde se quer… Mas às vezes nada disso funciona.

A questão da nostalgia é bem mais simples e muito menos incômoda (ou não…). Ela não atinge apenas escritores, mas artistas de um modo geral são mais propensos a sentir tal sensação. Afinal, onde estão os gênios? Onde estão os grandes romances? Onde estão os grandes fatos? A resposta: no passado.

A Paris dos anos 1920, 1930, 1940 é comentada até hoje. Inúmeros livros já foram escritos sobre essas épocas. E quantas obras-primas não foram escritas na cidade, ou ao menos iniciadas lá. Cito Paris mas poderíamos estar falando sobre a Londres mais ou menos na mesma época, ou a Belo Horizonte da década de 1940, ou o Rio de Janeiro dos anos 1960 e 1970.

É uma pena que não existam pílulas ou viagens no tempo para dar cabo de ambos os problemas. A solução, portanto, seria, no primeiro caso, enfrentar a página em branco, até que a “inspiração” retorne, e, no segundo, contentar-se em viver o presente, conformando-se em conviver com os grandes autores apenas através de seus livros e representações no cinema.

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Paulo Emílio e Jean Vigo

7 outubro, 2009 | Por admin

Um dos membros do importante grupo da Revista Clima e crítico de importância fulgurante na história da intelectualidade brasileira, Paulo Emílio é pouco conhecido fora de São Paulo. Jean Vigo, que dispensa apresentações para os iniciados, idem – embora tenha admiradores por todo Brasil.

Felizmente a Cosac Naify juntou-se ao Sesc para lançar uma caixa que contempla os escritos de Paulo Emílio dedicados ao cineasta francês e 2 DVDs com a filmografia completa (pequena, pois Vigo faleceu no ápice de sua força criativa) de Jean Vigo.

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Moby Dick, Woody Allen e Carta a D.

10 fevereiro, 2009 | Por admin

O site da Cosac Naify ostenta, em sua belíssimo página em preto e branco, uma coluna com os livros mais vendidos pela editora no ano passado, 2008. As três primeiras posições – como o título deste artigo já denunciou – são, nesta ordem:

Carta a D. – História de um amor, do austríaco André Gorz;

Moby Dick, de Herman Melville;

Conversas com Woody Allen, entrevistas a Eric Lax.

Carta a D., o primeiro colocado, foi lançado há exatamente 1 ano. No longínquo mês de fevereiro 2008. 5 mil exemplares do livro saíam das máquinas de impressão off-set da gráfica e caíam nas mãos dos leitores, em regozijo, que não tardariam a esgotá-los das prateleiras.

Moby Dick, de abril de 2008, ganhou fama por trazer a íntegra da obra, um glossário de termos náuticos, bibliografia, a relação das edições já lançadas no Brasil e fortuna crítica, além de um mapa onde pode-se acompanhar onde se passam os episódios que marcaram a nau comandada pelo capitão Ahab. Além disso tudo, virou ícone Pop ao ser declarado livro de cabeceira pelo presidente eleito norte-americano Obama.

Conversas com Woody Allen, o último dos três a ser lançado, em novembro de 2008, passou por sua 1a reimpressão já no mês seguinte, e reune, em 36 anos de conversa, todo o processo cinematográfico do diretor e suas reflexões. Foi matéria de capa da Bravo!, que aproveitou o lançamento de seu último filme Vicky Cristina Barcelona.

Se isso tudo bastasse, estaríamos todos satisfeitos. Lidos os três livros, resenhas feitas, diálogos travados, não haveria nada além de um lugar na estante ou um sebo afortunado. A questão aqui é que, partindo do princípio que este artigo está sendo veiculado num blog que reverbera os acontecimentos e opiniões de uma Livraria, e de seu respectivo Livreiro, nenhum exemplar desses 3 livros foi sequer vendido – desde o lançamento de Carta a D., há um ano – nesta humilde Livraria virtual que chamamos de 30PorCento.

Eis o desabafo editorial, que desmerece o conteúdo do blog por sua índole mercantil, mas que fazia-se necessário.

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Phaidon compra a Cahiers du Cinéma

9 fevereiro, 2009 | Por admin

Recebi uma ótimo notícia através do twitter. José Afonso Furtado– @jafurtado-, diretor da biblioteca de arte da Fundação Calouste Gulbenkian, relatou a compra da famosa revista de crítica cinematografica Cahiers du Cinéma pela editora Phaidon. Aos poucos que não conhecem a Phaidon, é uma editora que foi fundada em Viena em 1923, e é reconhecida mundialmente por seu primor gráfico, publicando principalmente livros de artes-visuais.

Muitos acham que a Cahiers du Cinéma estava em franca decadência. A revista foi fundada em 1951 por André Bazin, Jacques Doniol-Valcroze e Joseph-Marie Lo Duca.

A revista passou por períodos conturbados durante sua história. Serge Toubiana, atual diretor da Cinemateca Francesa e antigo redator-chefe dos Cahiers du cinéma, conta, num prefácio do livro A Rampa, de Serge Daney, que “entre os anos de 1971 e 1973, os Cahiers du cinéma conheceram um período muito politizado: ruptura com o partido comunista, influência ideológica da China e da Revolução Cultural proletária, aprendizagem trabalhosa do marxismo-leninismo – versão althusseriana. Ao mesmo tempo, essa concordância ou simultaneidade teve repercussões essenciais sobre o modelo de escrita da época, juntamente com o fascínio dos redatores por teóricos como Jacques Lacan, Roland Barthes e Louis Althusser. Era o chamado período “estruturalista” dos Cahiers. (…)

Registrou-se, no fim do verão de 1973, uma grave crise nos Cahiers du cinéma. De um lado, os que se mantêm na linha dura marxista-leninista; de outro, vários redatores, entre eles Serge Daney, que desejam romper com o dogmatismo político.”

Em 1998 a revista foi comprada pelo grupo Le Monde. A Cahiers du cinéma passou por uma reformulação em 1999 para conquistar novos leitores, tornando-se uma revista que contemplava todas as artes-visuais de abordagem pós-modernista.

Richard Schlagman, dono da Phaidon e editor, disse estar determindo a “mais uma vez fazer com que a Cahiers du cinéma tenha um papel principal no mundo da cinematografia e indispensável aos seus participantes e aspirantes.”

A revista está no número 642, e traz na capa uma foto do diretor Clint Eastwood, com uma análise crítica de seu recente Gran Torino, além de artigos sobre o Curioso Caso de Benjamin Button e Shirin, do iraniano Abbas Kiarostami.

Cahiers du cinéma 642

A Rampa, de Serge Daney. Cahiers du cinéma, 1970-1982. Cosac Naify.
A Rampa – Cahiers du cinéma [1970-1982] de Serge Daney. Por R$45,50 na Livraria 30PorCento.

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Rudá de Andrade: Breviário

29 janeiro, 2009 | Por admin

Breviário de Rudá de Andrade (1930 – 2009), crítico cinematográfico, cineasta e escritor, fundador da Sociedade Amigos da Cinemateca, professor da ECA-USP e diretor do MIS:

Guto Lacaz e Rudá de Andrade, em foto de 2004 [Janete Longo/AE]

Rudá de Andrade, crítico cinematográfico, cineasta e escritor, estudou cinema em Roma, trabalhou com diretores como Luigi Comencini e Vittorio de Sica.

Em 1962, depois de retornar ao Brasil, fundou a Sociedade Amigos da Cinemateca – a SAC, entidade civil sem fins lucrativos, foi criada com o objetivo de apoiar a Cinemateca Brasileira no cumprimento de sua missão institucional. Sobre esta instituição, Rudá de Andrade escreveu um artigo para a Folha de São Paulo, entitulado Entidade é mais do que um cinema, onde destaca o valioso acervo fílmico, avançada catalogação desse acervo e expressivo acervo de documentos em papel da Cinemateca Brasileira.

Foi um dos principais nomes do MIS (Museu da Imagem e do Som) de São Paulo, tendo sido seu diretor desde a fundação, em 1970, e ficando no cargo até 1981. Ao mesmo tempo em que dirigia o MIS, Rudá dava aulas de cinema da ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo). Ele teve papel ativo na criação do curso, em 1966.

Paulo Emílio Salles Gomes, também crítico de cinema e professor da ECA, escreveu em um artigo na Unesco, publicado em 1961 no Suplemento Literário de O Estado de S. Paulo, sobre Rudá:

“De mil novecentos e cinqüenta e quatro para cá, a vida de Rudá Andrade esta intimamente associada com o destino da Cinemateca Brasileira. Se um dia essa instituição existir realmente, isto é, quando deixar de ser esse misto de planos otimistas projetados no futuro e de realidades melancólicas de filmes que queimam ou apodrecem no presente, e que dessa existência se queira traçar a história, uma das preocupações centrais do pesquisador deverá ser a figura de Rudá Andrade. O presidente Francisco Luiz de Almeida Salles, os diretores, eu próprio, o conservado-chefe, temos um papel muito grande na luta externa, junto aos poderes públicos, para assegurar a consolidação definitiva da Fundação Cinemateca Brasileira. Mas a vida interna na instituição cultural adquiriu uma tonalidade particular, que emana diretamente de Rudá Andrade. Ele possui uma dosagem rara de qualidades de militante, intelectual, educador, de tato e simpatia.

É sobretudo às suas qualidades de organizador que se devem os empreendimentos que garantiram à Cinemateca durantes os últimos anos, certo brilho e a subsistência. Nunca vi um homem de ação ao mesmo tempo tão paciente, eficaz, polido e implacável. Foi através de Rudá que se recrutou o jovem quadro da Cinemateca, e ai se revelou a sua finura psicológica, o seu gosto atilado pela competência e pela qualidade humana. É um administrador exigente, e os jovens colaboradores, num momento de Fronda, alcunharam-no de Encouraçado Poronominare, em oposição ao que era chamado de Gabinete do Doutor Paulo Emilio. Ao mesmo tempo, porém, Rudá procura um terreno livre para o exercício da rebelião, a sua e a dos outros, seus colaboradores ou não. Estritamente fora das atividades da Fundação, lançou ele, Delírio, revista literária e cinematográfica, da qual já foram publicados dois números. Será melhor esperar o aparecimento de mais alguns, antes de tentar definir a fisionomia e o sentido da publicação. Desde já, contudo, uma vez que o conservador-adjunto da Fundação Cinemateca Brasileira e o editor de Delírio são o mesmo homem, revela-se em Rudá Andrade a vocação hierárquica e anárquica, o exercício da lucidez e o culto do sonho, isto é, ele se transforma na encarnação que nos é mais próxima, do espírito aristocrático moderno.”
fonte: (Priscila D. Carvalho, Secretaria do Audiovisual/MinC)

Rudá foi, também, diretor de documentários como “Pagu” (2001, junto com Marcelo Tassara) e “Renata” (2002). Como escritor, ganhou em 1983 o Prêmio Jabuti por “Cela 3 -°A Grade Agride“, livro relançado em 2008 pela Globo.

fonte: Folha de São Paulo, 29.01.2009, Morre aos 78 o pesquisador de cinema Rudá de Andrade.

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“Eu e Crocodilos”, de Marcela Arantes

15 janeiro, 2009 | Por admin

O Festival de Cinema Independente de Sundance (que, segundo um artigo no uol, celebra uma cinematografia, em tese, à margem da indústria), começa hoje e contém 2 produções nacionais entre os concorrentes. Sobre o longa Carmo, uma co-produção entre Brasil, Espanha e Polônia, você pode ler a respeito no Blog da Redação de Cinema do UOL.

Já o outro concorrente brasileiro, o curtametragem Eu e Crocodilos, poderá ser explorado com mais profundidade aqui neste Blog, pois o filme está disponível para ser assistido online: “Eu e Crocodilos“.

O filme foi inspirado na poesia contemporânea da inglesa Susan Wicks – desconhecida no Brasil, como de praxe -, baseado no poema “On Being Eaten By a Snake” – publicado no livro Open Diagnosis, de 1994 -, que pode ser lido abaixo:

On being eaten by a snake

Knowing they are not poisonous
I kneel on the path to watch it
between poppies, by a crown of nasturtiums,
the grey-stripe body almost half as long
as my own body, the formless black head
rearing, swaying, the wide black lips seeming
to smile at me. And I see
that the head is not a head,
the slit I have seen as mouth
is not a mouth, the frilled black under-lips
not lips, but another creature dying: I see
how the snake’s own head is narrow and delicate,
how it slides its mouth up and then back
with love, stretched to thin shapelessness
as if with love, the sun stroking
the slug’s wet skin as it hangs
in the light, resting, so that even the victim
must surely feel pleasure, the dark ripple
of neck that is no neck lovely
as the slug is sucked backwards
to the belly that is not belly, the head
that is merely head
shrinking to nameable proportions.

*fonte: The Guardian, 5 de março de 2000, “Books: The Sunday Poem – No. 59 Susan Wicks”

“Eu e Crocodilos”, com Giulia Amorim, Bia Barbosa, Patricia Soares, Victor Mendes, Ronny Kriwat e Theo Nogueira. Direção e Roteiro: Marcela Arantes © Kns Produções.

Susan Wicks

O site da Livraria Cultura possui apenas dois livros da autora disponíveis para compra, e ambos levam 6 semanas para chegarem ao consumidor. São eles, DE-ICED e NIGHT TOAD.

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Autobiografia de Ingmar Bergman

15 setembro, 2008 | Por admin

Excelente notícia para o mercado editorial e para os amantes de cinema: durante a 32 Mostro Internacional de Cinema de São Paulo será relançada pela Cosac Naify a autobiografia do diretor suéco Ingmar Bergman, esgotado no mercado há mais de 10 anos.

O livro chama-se Lanterna Mágica e o autor, Ingmar Bergman, escreve sobre episódios como a infância conturbada, o contato com a Alemanha nazista na adolescência, as crises amorosas, o trabalho no teatro.

O preço de lançamento na editora é de R$59, mas o livro poderá ser adquirido na Livraria 30PorCento por R$41.30. Aguardem o lançamento oficial!

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